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Reforma na prática

Difícil imaginar prioridade maior para SP que enfrentar gargalos do ensino médio

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Volta às aulas em escola estadual na capital paulista - Karime Xavier/Folhapress

É consenso entre especialistas que o ensino médio, em especial na rede pública, concentra os maiores desafios da educação brasileira. Nessa etapa, as falhas de aprendizado dos anos anteriores se acumulam, resultando em altas taxas de evasão e rendimento pífio.

Com a implementação iniciada neste ano, o novo modelo para essa etapa da vida escolar traz esperanças de que esse quadro preocupante possa começar a ser revertido.

A reforma acertadamente aumenta a carga horária mínima de 800 para 1.000 horas anuais e dá maior flexibilidade ao ensino, buscando torná-lo mais atraente e próximo do dia a dia dos estudantes.

Para tanto, define nova organização curricular, constituída por uma parte comum, oferecida a todos, e pelos chamados itinerários formativos, a serem escolhidos dentre cinco áreas (linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico).

A despeito de seus méritos no papel, contudo, na prática o ensino médio reformado vem conhecendo, ao menos no estado de São Paulo, um início claudicante.

Um estudo da Rede Escola Pública e Universidade mostrou que, no primeiro bimestre deste ano, nada menos que 22% das aulas dos itinerários formativos do segundo ano do ensino médio da rede estadual não tinham sido atribuídas a nenhum professor. Hoje, esse percentual é de 17%, segundo a Secretaria da Educação.

A falta de docentes vem sendo preenchida por aulas gravadas, recurso que, embora válido em situações específicas, pressupõe a participação de professores treinados para atuar nessa modalidade —o que não parece ser o caso.

Acrescenta-se a isso um leque ainda bastante restrito de opções para os alunos. De acordo com o estudo, 37% das escolas paulistas passaram a oferecer neste ano apenas dois itinerários, o mínimo exigido pela lei. Esse percentual chega a 50% quando se consideram as cidades que possuem apenas uma escola pública com ensino médio.

Preocupa ainda que, além de limitada, a oferta dos itinerários venha sendo desigualmente distribuída, já que tende a aumentar com a renda familiar dos alunos.

A administração ao menos reconhece o problema e afirma que busca eliminar o déficit de professores e ampliar as opções curriculares. É o que se espera. Difícil imaginar prioridade maior para um governo estadual do que enfrentar os gargalos dessa etapa da educação.

editoriais@grupofolha.com.br

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