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Telessaúde: SUS conectado e sem barreiras geográficas

Modelo amplia a oferta de serviços, levando especialistas aos rincões do país

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Marcelo Queiroga

Médico cardiologista, é ministro da Saúde

A regulamentação da telessaúde pelo governo federal indica a maturidade de uma ideia. Porque, numa época em que a palavra conexão se impõe no dia a dia das pessoas, é natural, inevitável e mesmo óbvio o uso das tecnologias de comunicação e de informática para fazer o bom serviço de saúde chegar onde é preciso, independentemente da distância e da dificuldade de acesso. Contudo, tão importante quanto fazer a assistência vencer a barreira geográfica é zelar por um atendimento de qualidade e, mesmo remoto, humanizado, dentro dos melhores padrões técnicos e éticos.

O Brasil, de território continental e diversidade cultural, social, econômica e geográfica, requer que a destinação de recursos públicos de fato valha a pena e que traga benefícios aos nossos 210 milhões de conterrâneos. A assinatura de uma portaria para regulamentar as ações e serviços de telessaúde é uma evidência de respeito ao bem comum e de compromisso com o direito fundamental à saúde, como previsto na Constituição Federal.

Além da regulamentação, que estabelece diretrizes e critérios, também avançamos na estruturação de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) nos municípios em áreas remotas do país —​porta de entrada vital ao atendimento de qualidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Inicialmente, serão mais de 320 UBSs com condições estruturais para oferecer atendimentos a distância. Médicos poderão cuidar, acompanhar e diagnosticar, mesmo a quilômetros de distância. É o conhecimento, na era da informação, servindo a uma finalidade nobre e humanista de amor ao próximo, heranças da nossa raiz cristã: confortar, aliviar e acolher, estimulando em paralelo práticas de prevenção de doenças crônicas evitáveis.

No governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), o fortalecimento da atenção em saúde, primária e especializada, se tornou prioridade do Ministério da Saúde, visando ampliar o acesso ao sistema público de saúde a todos os brasileiros. E a iniciativa de ofertar os serviços de telessaúde se soma ao Programa Médicos Pelo Brasil, que fixa os profissionais nas regiões mais longínquas e carentes do país, superando as dificuldades e levando saúde a quem dela precisa.

O SUS traz em sua gênese a proposta do atendimento integral, gratuito e universal. E o uso das tecnologias de comunicação e de informática aproximará o setor público de saúde desses ideais, uma vez que amplia a oferta de serviços, levando especialistas aos rincões do país. Tal solução se torna possível graças a uma política de Estado que a transforma em realidade. Entretanto essa verdadeira transformação assistencial não é fruto exclusivo de uma evolução tecnológica, mas também ética. Nesse sentido, sensível às necessidades dos novos tempos, o Conselho Federal de Medicina atualizou, sem perder de vista valores milenares que são pilares da arte médica, sua regulamentação sobre a telemedicina, de modo a amparar o ato médico dentro de uma perspectiva moderna e condizente com a atualidade.

Nos últimos anos, a inventividade ganhou o impulso da necessidade: o enfrentamento da pandemia de Covid-19, desde 2020, fez com que a telessaúde ganhasse espaço no dia a dia da assistência. Com a regulamentação, contudo, outros ganhos para além dos assistenciais vêm em paralelo, como a possibilidade de redução de custos, a troca de informações e a educação, entre outros. Como cardiologista atuante há quatro décadas, percebo uma nova perspectiva para a saúde pública no Brasil —e também para as instituições privadas que atuam nesse ramo.

As duas normas, a portaria do Ministério da Saúde e a resolução do CFM, têm em comum referências aos preceitos éticos, à segurança, à privacidade e ao sigilo que devem caracterizar a relação entre os profissionais da saúde e o paciente, que depende da expressão formal do consentimento para autorizar o atendimento. Assim, a conexão nos aproxima e ultrapassa barreiras geográficas em todos os cantos do país. E, onde existe Brasil, existe SUS.

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