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Suspeitas na Codevasf e no FNDE são vazamento em duto de dinheiro que une Bolsonaro e o centrão

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Dinheiro apreendido em operação da PF contra fraudes na Codevasf - Divulgação/PF

A Polícia Federal fez uma operação para buscar provas de crimes nos contratos entre a empresa Construservice, possíveis laranjas e a Codevasf. O valor dos negócios dessa empreiteira com o governo avançou como nunca no governo de Jair Bolsonaro. O valor da estatal para os negócios do centrão com o presidente da República também.

A Codevasf faz parte do acordo por meio do qual Bolsonaro entregou ao centrão parte maior do Orçamento, controle de estatais e fundos públicos em troca de proteção. Em tese uma estatal, é na prática uma agência governamental estruturada como uma companhia a fim de facilitar o repasse de recursos para obras de infraestrutura no interior pobre do país, pois sujeita a menos procedimentos burocráticos. E como facilita.

A empresa é um escoadouro de verbas para pequenas obras e compras de máquinas. O dinheiro escorre por meio de emendas parlamentares obscuras, determinadas sem critérios técnicos de prioridade e eficiência.

A Codevasf é controlada por União Brasil e o PP, assim como o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE, por PP, PR e PL —o centrão. O FNDE é a agência de repasse da maior parte do dinheiro do Ministério da Educação ao ensino básico, canalizado também por meio de sugestões de pastores indicados por Bolsonaro. Na Saúde, há esquema parecido.

Dadas a penúria federal, que impede investimento maior em obras, e a falta de oportunidades em estatais como a Petrobras, algo mais protegida por leis, ou como a Eletrobras, enfim privatizada, um pacote mais gordo de emendas e escoadouros adequados para esse dinheiro se tornou o centrão do acordo da política federal.

Desde 2020, quando começaram as tratativas de governo e centrão, foram enterradas as perspectivas de processo contra Bolsonaro. Na falta de governo, a agenda parlamentar do Planalto e decisões centrais ficaram a cargo de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, com apoio do colega Ciro Nogueira (PP-PI), ora ministro da Casa Civil.

São os regentes do sistema. Comandam desde a engorda das emendas e de fundos eleitorais ao desbaratamento das regras fiscais do país. Administram a aprovação de leis de baixa qualidade normativa ou recheadas de jabutis de interesse particularista. É um conluio que resulta em desmonte institucional, uso indevido de verbas e de tratoraços legais que vão do regimento legislativo à Constituição.

Os escândalos na Codevasf, no FNDE ou com recursos da Saúde são apenas o resultado da operação desse sistema "na ponta", o rompimento desse escoadouro de dinheiro que é o grande acordo de Jair Bolsonaro com o centrão.

editoriais@grupofolha.com.br ​ ​

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