No livro "A Ilha", o escritor Aldous Huxley narra a chegada de um náufrago a uma sociedade utópica e plenamente feliz. Aves falantes incentivam os habitantes a prestar atenção ao "aqui e agora", o momento presente. Durante décadas, o Brasil viveu outra utopia, a do "país do futuro", cada vez mais distante.
Temos hoje a oportunidade de ocupar uma posição de destaque no cenário internacional, em virtude da confluência de desafios enormes para o planeta e a realidade verde, digital e melhor para negócios construída recentemente no país.
Após quatro meses de trabalho no exterior para atrair investimentos ao Brasil, evoluímos com base no que já somos. A velha imagem de um país complexo e avesso a empresas começa a mudar, graças ao trabalho árduo do governo e do Congresso para modernizar a regulação e abrir espaço para as empresas.
Novos marcos regulatórios e as leis de Liberdade Econômica e do Ambiente de Negócios trouxeram leveza para empreender e crescer. A transformação digital impressiona. Temos agricultura altamente produtiva, parque industrial maduro, setor de serviços moderno, matriz energética limpa. Isso nos qualifica para aproveitar oportunidades aqui e agora.
Primeiro, o desafio da energia limpa e eficiente. A mudança climática exige uma redução da pegada carbônica em todo o mundo. Isso requer novos processos produtivos. Somos o país com abundância e menor custo marginal de energia limpa, e podemos desacelerar o aquecimento global com produção verde.
Segundo, o desafio da segurança alimentar. A pandemia e a guerra na Ucrânia revelaram a fragilidade da produção de alimentos, e milhões sofrem com a escassez e preços crescentes. A agricultura brasileira, pujante e moderna, ainda tem muito a crescer com preservação do meio ambiente —aproveitando áreas degradadas, irrigação e avanços tecnológicos. Nenhuma fronteira no mundo permite, na escala necessária, o fortalecimento da segurança alimentar com bases ambientalmente sustentáveis como aqui.
Terceiro, o desafio da reconstrução das cadeias industriais. Vivemos uma crise de suprimentos, em virtude dos gargalos logísticos, de paralisações no parque industrial global e da excessiva concentração na China e na Índia. Faltam chips e outros insumos estratégicos, que estrangulam empresas globais e geram inflação.
O momento requer a reindustrialização moderna do Brasil, voltada à exportação, agora com um câmbio competitivo, um arcabouço regulatório e trabalhista moderno, e custo de capital mais baixo. Temos uma estrutura industrial competente e madura para ampliar sua produção de forma ágil, digital e verde.
Quarto, o desafio da nova economia. Dentre as atuais dez maiores empresas, metade não existia há 50 anos, e nenhuma estava entre as dez maiores em 1995. Vivemos a era das startups, que despontam nos países mais convidativos.
Em 2021, 4 milhões de negócios foram abertos no Brasil. Nos consolidamos como o terceiro país com mais unicórnios (nome dado a startups cujos valores de mercado ultrapassam US$ 1 bilhão) novos por ano, e recebemos 70% do investimento em venture capital na América Latina. O talento dos nossos empreendedores e uma nova geração de pequenas empresas florescem em um ambiente de negócios mais livre.
O Brasil desponta como a solução para os desafios do presente. Temos uma cultura ágil, em que a vontade de fazer é maior que o medo de falhar, a crença no novo é maior que a desesperança do passado, e a verdade do agora é maior que o ceticismo. O futuro, para o Brasil.
TENDÊNCIAS / DEBATES
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