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Maria Clara Cabral e Fabrícia Peixoto

Como falar de eleições com as crianças

Pais devem tentar deixar clara a importância do exercício do voto

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Maria Clara Cabral

Jornalista, pós-graduada em comunicação integrada e marketing, fundadora da revista Qualé

Fabrícia Peixoto

Jornalista, doutoranda em administração de empresas pela FGV, fundadora da revista Qualé

Entramos em um período em que as discussões eleitorais ganham mais espaço nos veículos de comunicação e nas redes sociais. Pensar que as crianças e os jovens estarão alheios a isso é ilusório. Ao mesmo tempo, saber do inevitável contato com o tema pode parecer assustador.

Ilusório porque eles são, naturalmente, seres curiosos, inegavelmente conectados. Assustador ao lembrarmos que só pequena parcela deles sabe diferenciar fato de opinião e checar a veracidade de fake news.

Então, nada mais seguro do que nós, adultos, ajudarmos a inseri-los nesse contexto e apontarmos os melhores caminhos. Claro, a ideia não é, de forma alguma, fazê-los participar do Fla-Flu que toma conta do nosso país, mas explicar conceitos de forma clara, acessível e, sobretudo, prazerosa (para que não cresçam odiando a política).

Nota-se que a própria Constituição, no artigo 205, diz que a educação, seja por parte da família, seja por parte da escola, tem que ser "incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania". Ora, como é sabido, as eleições nada mais são que o pleno exercício da cidadania. Portanto, exercê-la deveria fazer parte do cotidiano de todos, de todas as idades.

Para começar, livros e vídeos são raros, mas com uma busca robusta é possível achar material de qualidade.

O jornalismo feito para a faixa etária também pode ser um aliado importante. Com linguagem adequada, recursos multidisciplinares e visual atraente, as crianças tendem a entender mais facilmente que as eleições não estão tão distantes quanto imaginam. Afinal, mudanças próximas, como a reforma da pracinha, ou decisões mais afastadas, como um benefício social, afetam diretamente as famílias.

Além disso, promover debates e incentivar a capacidade crítica são pontos que devem acontecer desde cedo e podem ajudar no processo de compreensão das eleições —mais uma vez, aqui o jornalismo pode ser usado como ferramenta. Assim, as chances de esses jovens chegarem à idade adulta sabendo da importância do voto é significativamente maior.

Por sua vez, de maneira prática nas escolas, as eleições podem permear diversas competências gerais previstas na Base Nacional Comum Curricular. Por exemplo, por meio de atividades relacionadas à argumentação com base em dados e informações confiáveis, para formular e defender ideias que promovam os direitos humanos e a empatia. Atividades que valorizem a abordagem própria das ciências, incluindo a investigação e a análise crítica, também são importantes. Além disso, utilizar diferentes linguagens, como a verbal, tabelas e gráficos, ajuda a entender todo o processo eleitoral.

Por fim, em casa, os pais devem tentar deixar clara a importância do exercício do voto e fazer do dia das eleições um momento em família.

Ajudar na compreensão de todo o processo eleitoral, desde o conhecimento sobre os candidatos até a hora de apertar o botão nas urnas, depende de uma boa formação e é algo que deve ser incentivado e aprimorado desde cedo.


TENDÊNCIAS / DEBATES
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