Entramos em um período em que as discussões eleitorais ganham mais espaço nos veículos de comunicação e nas redes sociais. Pensar que as crianças e os jovens estarão alheios a isso é ilusório. Ao mesmo tempo, saber do inevitável contato com o tema pode parecer assustador.
Ilusório porque eles são, naturalmente, seres curiosos, inegavelmente conectados. Assustador ao lembrarmos que só pequena parcela deles sabe diferenciar fato de opinião e checar a veracidade de fake news.
Então, nada mais seguro do que nós, adultos, ajudarmos a inseri-los nesse contexto e apontarmos os melhores caminhos. Claro, a ideia não é, de forma alguma, fazê-los participar do Fla-Flu que toma conta do nosso país, mas explicar conceitos de forma clara, acessível e, sobretudo, prazerosa (para que não cresçam odiando a política).
Nota-se que a própria Constituição, no artigo 205, diz que a educação, seja por parte da família, seja por parte da escola, tem que ser "incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania". Ora, como é sabido, as eleições nada mais são que o pleno exercício da cidadania. Portanto, exercê-la deveria fazer parte do cotidiano de todos, de todas as idades.
Para começar, livros e vídeos são raros, mas com uma busca robusta é possível achar material de qualidade.
O jornalismo feito para a faixa etária também pode ser um aliado importante. Com linguagem adequada, recursos multidisciplinares e visual atraente, as crianças tendem a entender mais facilmente que as eleições não estão tão distantes quanto imaginam. Afinal, mudanças próximas, como a reforma da pracinha, ou decisões mais afastadas, como um benefício social, afetam diretamente as famílias.
Além disso, promover debates e incentivar a capacidade crítica são pontos que devem acontecer desde cedo e podem ajudar no processo de compreensão das eleições —mais uma vez, aqui o jornalismo pode ser usado como ferramenta. Assim, as chances de esses jovens chegarem à idade adulta sabendo da importância do voto é significativamente maior.
Por sua vez, de maneira prática nas escolas, as eleições podem permear diversas competências gerais previstas na Base Nacional Comum Curricular. Por exemplo, por meio de atividades relacionadas à argumentação com base em dados e informações confiáveis, para formular e defender ideias que promovam os direitos humanos e a empatia. Atividades que valorizem a abordagem própria das ciências, incluindo a investigação e a análise crítica, também são importantes. Além disso, utilizar diferentes linguagens, como a verbal, tabelas e gráficos, ajuda a entender todo o processo eleitoral.
Por fim, em casa, os pais devem tentar deixar clara a importância do exercício do voto e fazer do dia das eleições um momento em família.
Ajudar na compreensão de todo o processo eleitoral, desde o conhecimento sobre os candidatos até a hora de apertar o botão nas urnas, depende de uma boa formação e é algo que deve ser incentivado e aprimorado desde cedo.
TENDÊNCIAS / DEBATES
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