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Jovens em risco

Pesquisa do IBGE revela cenário preocupante sobre o comportamento dos estudantes brasileiros

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Estudantes em escola pública de São Paulo - Reinaldo Canato/UOL

É no mínimo inquietante o cenário delineado pela nova Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), conduzida pelo IBGE e divulgada na semana passada.

Abrangendo um universo de 159.245 estudantes do 9º ano das redes pública e privada de todas as capitais brasileiras, o levantamento mostra que os jovens de 13 a 17 anos vêm, ao longo da última década, se expondo mais a riscos, com aumento do consumo de álcool e drogas, além de redução acentuada no uso de preservativos durante as relações sexuais.

De 2009 a 2019, mostra a pesquisa, caiu de 72,5% para 59% a porcentagem de adolescentes que haviam utilizado camisinha na última relação. Nesse período, a queda foi maior entre as meninas (de 69,1% para 53,5%) do que entre os meninos (redução de 74,1% para 62,8%).

Embora seja difícil precisar as razões do fenômeno, suas consequências são bem conhecidas: aumento da probabilidade de contrair doenças sexualmente transmissíveis e de engravidar precocemente, esta uma das principais causas de evasão escolar no país.

A mesma tendência preocupante sobressai dos dados sobre consumo de álcool. De 2012 a 2019, o percentual de estudantes do 9º ano que já haviam experimentado bebidas alcoólicas saltou de 52,9% para 63,2%.

Mais alarmante ainda, pelas possíveis repercussões negativas na vida adulta, é o crescimento dos que fazem uso abusivo da substância. Entre eles, o percentual subiu de 19% em 2009 para 26,2% em 2019; entre elas, pulou de 20,6% para 25,5% no período.

Nesses dez anos também aumentou a exposição ao uso de drogas ilícitas, que passou de 8,2% para 12,1% entre esses estudantes, bem como a exposição precoce, isto é, antes de 14 anos, cujo crescimento foi de 3,4% para 5,8%.

A pesquisa do IBGE buscou medir ainda o impacto da falta de segurança na frequência escolar. Dobrou, ao longo da década, o percentual de estudantes que deixaram ao menos uma vez de ir às aulas por não se sentirem seguros no trajeto ou na escola (de 8,6% para 17,3%). Além disso, 27,5% dos alunos relataram ter sofrido alguma agressão física por parte do pai, da mãe ou do responsável.

A maior exposição à violência somada ao aumento de comportamentos de risco indicam uma vulnerabilidade crescente entre os jovens brasileiros —algo que dificilmente deixará de cobrar um preço alto no futuro deles e do país.

editoriais@grupofolha.com.br ​ ​

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