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Colapso de moedas digitais não deve interromper onda de inovações tecnológicas e comerciais na área

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Bitcoin, umas das criptomoedas que vem sofrendo fortes baixas - Kevin David/A7 Press/Folhapress

Uma das vítimas mais notórias da alta dos juros internacionais são as moedas digitais, cujo valor de mercado colapsou. Do recorde de US$ 2 trilhões atingidos no final do ano passado, cerca de 10 mil moedas criadas em poucos anos caíram 50% em termos agregados, retornando ao valor do início de 2018.


Como em toda inovação tecnológica, há a euforia que atrai novos entrantes e capital. Segue-se a fase de decepção, que seca o dinheiro novo por algum tempo, propicia uma bem-vinda filtragem e abre espaço para que os sobreviventes capturem os lucros da inovação.

Foi assim nas etapas da revolução industrial e, na virada do milênio, com a popularização da internet. Dos escombros emergiram empresas como Google, Amazon e Facebook, com valor de mercado de centenas de bilhões de dólares.

É provável que a derrocada atual leve ao florescimento dos vitoriosos no mundo das moedas digitais, cuja proposta mais abrangente é a de reduzir o poder de intermediários e abrir espaço para maior inovação, barateamento e democratização das finanças e de transações em geral.

A tecnologia de fundo, baseada em registros descentralizados para validação de transações, sugere uma evolução da própria internet, que se transformaria numa plataforma em que o controle de dados e atributos pessoais estaria sob poder dos usuários.

A chamada tokenização (a transformação de ativos indivisíveis), no contexto da validação descentralizada das transações, abriria espaço para novos modelos de negócio.

Na prática, o estágio evolucionário ainda não permite discernir como se dará a realização de tamanha ambição. Não é claro, para começar, que as moedas digitais consigam prover melhor alguns atributos essenciais de um sistema monetário, como segurança, estabilidade, eficiência, baixo custo e inclusão.

É arriscado apostar no mundo digital descentralizado e fragmentado como reserva de valor; e as transações ainda são ineficientes, caras e sem regulação que garanta segurança para o público amplo.

Além disso, os governos não abrirão mão de suas prerrogativas de emissores e garantidores, como demonstra o esforço dos principais bancos centrais do mundo em criar moedas digitais oficiais.

Trata-se, contudo, de um mundo monetário novo e fascinante, cujo potencial de inovação não será desacreditado pelo estresse atual.

editoriais@grupofolha.com.br

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