Fiquei surpresa quando vi que o Brasil bateu recorde no cadastro eleitoral de jovens neste ano. O país ganhou mais de 2 milhões de novos eleitores entre 16 e 18 anos. O número representa um aumento de 47,2% em relação ao processo eleitoral de 2018.
O dado é da pesquisa Juventudes no Brasil, coordenada pelo Observatório da Juventude na Ibero-América (OJI) e realizada em parceria com pesquisadores de três universidades públicas sediadas no Rio de Janeiro: a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Claro que me animei com esses números. Afinal, mostram que esse público, assim como eu, está cansado das lideranças atuais e quer ter voz nas eleições que se aproximam.
Entretanto, mesmo observando esse movimento e até a manifestação desses jovens nas redes sociais quando o assunto é política, ainda percebemos pouca participação deles além do voto. Os dados da mesma pesquisa mostram que 72% dos jovens entrevistados nem mesmo conversavam sobre esse tema.
Isso é preocupante, uma vez que precisamos dessa turma para fazer a diferença lá na frente. Por isso, tenho visitado escolas e conversado com esses jovens; já falei com milhares deles em escolas públicas, privadas e universidades no último ano.
Afinal, não faz tanto tempo assim que tinha meus 16 anos e estava cheia de preocupações com o mercado de trabalho, tinha alguns anseios e não me atentava sobre o quanto era importante também participar do processo político.
Precisamos mudar a cultura e o pensamento político dos jovens. Mostrar que eles têm ideias que podem transformar o esporte, o lazer, o transporte e tantas áreas de uma cidade, de um estado e de um país.
É na política que eles podem ajudar diversas famílias, arrumar empregos para algumas pessoas e beneficiar uma sociedade inteira com ações importantes.
Vale destacar que essa carência de jovens na política não é só no Brasil. Os jovens representam quase metade da população mundial, porém apenas 2,6% dos parlamentares do planeta têm menos de 30 anos.
Na realidade, a idade média de um líder político é 62 anos. De acordo com as Nações Unidas, é preciso ampliar a participação na vida pública das pessoas abaixo dos 30, especialmente num momento de vários desafios, como a crise climática, conflitos e desigualdades.
Sinto-me na obrigação de contribuir e falar da minha experiência política com esses jovens. Acredito que isso é uma maneira de inspirar tantos meninos e meninas a lutarem por um país bem melhor. Só assim eles poderão ter mais vontade de participar, votar, cobrar e criar políticas públicas mais eficazes para toda a juventude.
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