Um país para os próximos 'Max Plancks'

Valorize a ciência na hora de votar.

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Diversos países investem fortemente em ciência e inovações tecnológicas fundamentais para o desenvolvimento da civilização, da inteligência artificial às terapias gênicas. É um jogo de campeões, que envolve disputas aguerridas pelo protagonismo internacional, usando o poder do conhecimento. A atual agenda política, econômica e social, com cortes orçamentários para a ciência e as universidades, desperdício de milhões de cérebros nas comunidades carentes e ausência de um projeto de desenvolvimento sustentável empurram no entanto o Brasil para a segunda divisão.

Luiz Davidovich, físico da UFRJ - Adriano Vizoni - 16.ago.17/Folhapress

Entre os dez países mais desiguais do mundo, há dois das Américas: Brasil e Suriname. Os outros são países africanos. Não é assim espantoso que o Brasil tenha apenas 900 pesquisadores por milhão de habitantes, enquanto países da OCDE têm 4 mil. Em um país que, graças a cientistas como Johanna Döbereiner, é campeão internacional na produção de alimentos, 33 milhões de pessoas passam fome.

Uma agenda perversa, que ignora ingredientes essenciais para desenvolvimento sustentável no mundo atual: inclusão social, proteção ao meio ambiente, educação de qualidade, ciência, tecnologia e inovação.

No início do século 20, jovens cientistas, movidos pela curiosidade, tentavam entender o mundo dos átomos e dos elétrons e fundaram a física quântica, iniciada com um trabalho de Max Planck. Hoje, graças a ela temos aparelhos de ressonância magnética, GPS, laser e computadores modernos. Se Max Planck vivesse no Brasil de hoje, será que teria desistido da ciência diante do desestímulo que presenciamos?

Que os anos vindouros sejam de esperança para nossos próximos "Max Plancks", "Johannas Döbereiners", "Maries Curies". Estas eleições serão decisivas para que nossos futuros talentos possam encontrar um cenário que permita o pleno florescimento da curiosidade e de suas vocações. Valorize a ciência na hora de votar.

Esta coluna foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Em julho, colunistas cederam seus espaços para refletir sobre o papel da ciência na reconstrução do Brasil. Quem escreve é o físico Luiz Davidovich, professor emérito da UFRJ. A iniciativa é do Instituto Serrapilheira e da Maranta Inteligência Política.

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