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Em alerta a Bolsonaro, cerco a Trump se fecha, e republicano diz ser vítima

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O ex-presidente dos EUA Donald Trump - Marco Bello/Reuters

Quase dois anos após perder a eleição presidencial para Joe Biden, Donald Trump continua no centro do noticiário norte-americano com seu contínuo embate contra as instituições da democracia líder do mundo ocidental.

O capítulo da vez adiciona dramaticidade ao enredo por entrar em uma seara particularmente cara em Washington: a do manejo de altos segredos de Estado.

Na segunda-feira (8), em um ato inédito, o FBI adentrou a residência de Trump em Mar-a-Lago, palco da infame recepção ao maior seguidor do americano no hemisfério sul, Jair Bolsonaro, em 2020.

A batida foi uma decisão pessoal, altamente perigosa do ponto de vista político, do secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland. Ele disse estar atrás de provas e evidências de um ato criminoso.

Segundo relatos vazados à imprensa americana, este seria a subtração de documentos sensíveis da Casa Branca por Trump ao deixar o cargo. Segredos nucleares, sugeriu o jornal Washington Post, o que foi negado pelo republicano.

Trump faz o que sabe melhor: tergiversar acusando adversários de perseguição. Ao mesmo tempo, invocou a Constituição para calar-se e não produzir provas contra si.

Depois do inquérito congressual sobre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 por apoiadores de Trump, inconformados com a sessão de confirmação do resultado eleitoral naquele dia, o cerco se fecha mais sobre o ex-presidente.

Merrick arrisca ser acusado de partidário, ainda que não haja evidências de que Biden tenha ordenado a ação. É do jogo. Trump prova da poção na qual investiu muita energia quando estava no poder.

Ao longo de seus quatro conturbados anos, ele demitiu autoridades do arcabouço de controle do país, como no próprio FBI, quando as considerava desleais.

A apuração do 6 de janeiro produziu provas abundantes de que isso chegou ao paroxismo e foi sendo estancado —a resistência institucional passou pela cúpula militar.

Fardados, investigadores e um presidente que questiona as urnas. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência, dado que Bolsonaro copia o manual de sedição trumpista, contando talvez com alguma tibieza do sistema de pesos e contrapesos local.

Seus integrantes farão bem em mirar os EUA, provando estar à altura da reação da sociedade ante a escalada golpista, expressa nas cartas democráticas desta semana.

editoriais@grupofolha.com.br

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