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Preço da arruaça

Resposta vigorosa da sociedade a ameaças golpistas evidencia riscos da aposta de Bolsonaro na baderna

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Toalhas com a imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à venda em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, na avenida Paulista. - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Folhapress

A resposta veemente da sociedade às ameaças golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrou ao mandatário que o preço a ser pago pelos que ousarem se insurgir contra a ordem democrática aumentou.

As adesões à carta dos ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, que será lida em público na próxima quinta-feira (11), se aproximam de 800 mil.

Um manifesto articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, divulgado na sexta (5), foi subscrito por mais de uma centena de associações, incluindo a Federação Brasileira de Bancos, as maiores centrais sindicais e a União Nacional dos Estudantes.

A Abert, que representa emissoras de rádio e TV, a Aner, dos editores de revistas, e a Associação Nacional de Jornais, da qual a Folha faz parte, também lançaram seu manifesto.

Basta passar os olhos pelas listas de apoiadores para perceber seu ecletismo, bem como a presença de pessoas e organizações que antes preferiam manter silêncio diante dos desmandos do presidente.

As manifestações apontam os princípios da Constituição de 1988 como valores inegociáveis, e a estabilidade democrática como indispensável para a prosperidade do país.

Mereceram menção especial no texto da Fiesp as duas instituições que se tornaram alvo constante dos ataques do presidente, o Supremo Tribunal Federal, guardião da Carta, e o Tribunal Superior Eleitoral, que há décadas garante a lisura das eleições realizadas no Brasil.

A tudo isso Bolsonaro reagiu a seu modo, expressando desdém pelas declarações de fé nos pilares da democracia, debochando dos organizadores dos manifestos e voltando à carga contra o Judiciário e as urnas eletrônicas, incansável.

Temendo achar constrangimento onde antes só contava com aplausos, o presidente cancelou sua participação num jantar com empresários e num evento da Fiesp. Horas depois, aceitou convite para almoço na Febraban, na segunda (8).

A agenda errática parece refletir preocupações com a perda de apoio no empresariado e os riscos para a incipiente recuperação da economia, da qual Bolsonaro depende para melhorar seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto.

​Mas nada indica que ele esteja disposto a abandonar a estratégia que escolheu ao apostar na tensão institucional como sua melhor alternativa para manter coeso o bloco político que lhe dá sustentação na campanha pela reeleição.

Na última semana, o presidente voltou a convocar os seguidores para manifestações no 7 de Setembro. Se a intenção de Bolsonaro é intimidar os que se opõem à baderna, a reação vigorosa da sociedade mostra que as chances de êxito das provocações do mandatário são a cada dia menores.

editoriais@grupofolha.com.br ​ ​

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