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Segunda chance

Pacotes de estímulo a política industrial e energia limpa podem ajudar Biden a superar descrédito

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Homem branco velho, de cabelos brancos e curtos, vestido com terno escuro, camisa branca e gravata quadriculada clara. Está sentado, com os cotovelos apoiados numa mesa e as duas mãos juntas na altura do queixo.
O presidente americano, Joe Biden, durante discurso sobre a economia, em Washington. - Elizabeth Frantz/Reuters

​Os últimos meses foram difíceis para o presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden. A inflação elevada, a ameaça de uma nova recessão e a popularidade em baixa ampliam o risco de derrota nas eleições legislativas de novembro, quando estará em jogo a maioria detida pelo Partido Democrata no Congresso.

Se a experiência de Barack Obama ensina algo, seria o fim de qualquer ambição em torno da agenda do partido. Pesquisas recentes indicam que a maior parte dos eleitores democratas prefere que Biden não concorra à reeleição em 2024.

Apesar do quadro adverso, o presidente americano alcançou vitórias expressivas e, em alguns casos, até surpreendentes. No ano passado, o Congresso já aprovara dois pacotes de grande repercussão.

O primeiro proveu US$ 1,9 trilhão em auxílios durante a pandemia de Covid-19. O valor é visto hoje como excessivo, no entanto, por ter ampliado a demanda muito além da produção e estimulado pressões inflacionárias que agora custam caro à popularidade de Biden.

O outro destinou US$ 1 trilhão para infraestrutura, com desembolsos previstos ao longo de vários anos. Teve apoio amplo e foi saudado como uma iniciativa importante para reposicionar a economia americana no cenário competitivo global.

Na semana passada, o Congresso, novamente por ampla maioria, aprovou um programa de incentivos que reserva US$ 280 bilhões para pesquisa e produção de semicondutores, indústria que ocupará papel central no desenvolvimento tecnológico no futuro.

O objetivo é fazer retornar ao país parcelas significativas das cadeias de produção que hoje estão concentradas na Ásia, sinal inequívoco da disposição dos EUA em abraçar políticas industriais e mobilizar sua base produtiva para se contrapor ao avanço da China.

Mas é na peça ainda em discussão no Congresso que está o maior impacto potencial. Na semana passada, anunciou-se um acordo para destravar um pacote de US$ 369 bilhões em incentivos para desenvolvimento de fontes de energia limpa —necessárias para viabilizar redução de até 40% nas emissões de carbono do país até 2030.

O projeto também permite um corte no déficit federal, diminuindo gastos com medicamentos e fechando brechas na cobrança de impostos das empresas, além de abater despesas das famílias com saúde.

Graças a essa combinação, foi possível conquistar o voto do único senador democrata que vinha impedindo a formação de maioria a favor do projeto. A votação final do pacote está prevista para setembro.

Não é pouco para um governo que afundou tão rapidamente no descrédito, ainda que o reconhecimento esperado por Biden dos eleitores pareça longe de garantido.

editoriais@grupofolha.com.br

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