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Segundo plano

Disputa presidencial ofusca questões locais no primeiro debate de candidatos ao governo paulista

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No palco do primeiro debate entre os candidatos a governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Vinícius Poit (Novo), Elvis Cezar (PDT) e Fernando Haddad (PT). - Bruno Santos/Folhapress

O primeiro confronto entre os postulantes ao governo de São Paulo, promovido na noite de domingo (7) pela Band, trouxe a disputa nacional para o centro das discussões entre os principais candidatos ao Palácio dos Bandeirantes.

Enquanto Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) buscaram se associar, respectivamente, aos dois protagonistas da corrida presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), Rodrigo Garcia (PSDB) tentou desviar da polarização estabelecida no plano federal.

A tônica do primeiro encontro foi dada logo no início, com uma lamentável, para não dizer infantil, altercação entre os dois primeiros.

Indagado por Haddad sobre qual programa educacional da gestão Bolsonaro importaria para o estado, Tarcísio, ex-ministro da Infraestrutura, sugeriu aos telespectadores que buscassem na internet pesquisas que apontaram má avaliação da gestão de Haddad como prefeito de São Paulo.

Na questão seguinte, o petista exortou o público a fazer o mesmo com o presidente da República, pesquisando associações entre seu nome e a palavra "genocida", numa referência a seu negacionismo durante a pandemia de Covid-19.

O governador Garcia, cujo partido assumiu papel coadjuvante na disputa presidencial ao apoiar Simone Tebet (MDB), tentou se mostrar indiferente ao embate. "São Paulo não quer ir para esquerda ou direita, quer ir para frente", afirmou.

Se as referências à corrida presidencial podem ajudar a chamar atenção para uma disputa que ainda não desperta muita curiosidade do eleitor, ficou evidente no debate que a estratégia dos candidatos deixa em segundo plano a discussão dos problemas locais.

Ao tratar da educação, por exemplo, Tarcísio ressaltou medidas demagógicas do governo federal, como o perdão às dívidas do programa de crédito estudantil, mas nada disse de objetivo a respeito de como recuperar o atraso dos estudantes paulistas na pandemia.

Haddad e outros criticaram Garcia pela coleção de obras atrasadas deixadas pelas gestões do PSDB no estado, mas nenhum dos candidatos apresentou sugestões para superar os gargalos burocráticos que tantas vezes atravancam investimentos de maior vulto.

Para capturar o interesse do eleitor nos próximos encontros, será preciso que os postulantes enfrentem os problemas que afligem os paulistas e ofereçam soluções.

editoriais@grupofolha.com.br

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