Com a realização da 7ª rodada de leilões de aeroportos, na qual três blocos e 15 terminais passaram às mãos da iniciativa privada por 30 anos, o programa de concessões no setor chega às fases finais.
Nessa etapa foram arrecadados R$ 2,7 bilhões em outorgas e contratados investimentos de R$ 7,3 bilhões. Juntos, os três blocos negociados na quinta (18) respondem por 16% do fluxo de passageiros no país, o que corresponde a mais de 30 milhões de pessoas por ano.
À diferença do que ocorreu em leilões anteriores, a competição desta vez foi baixa, mas ainda assim houve ágio de 116,9% em relação aos lances mínimos, no conjunto.
O primeiro e principal bloco, que incluiu Congonhas, em São Paulo, e mais dez terminais em Mato Grosso do Sul, Pará e Minas Gerais, contou com apenas um participante, a espanhola Aena, que mesmo assim pagou ágio de 231% com a outorga de R$ 2,45 bilhões.
O modelo nesse caso foi criticado por incluir aeroportos em áreas distantes entre si e com baixa conexão e sinergia, o que pode ter reduzido interesse de outros grupos.
De todo modo, até aqui a estratégia de juntar terminais cobiçados com outros deficitários, seguida em rodadas anteriores, se mostrou bem-sucedida em melhorar as operações em cidades menores, com ganho para os usuários.
O segundo bloco, formado por terminais com foco em voos executivos —Campo de Marte, em São Paulo, e Jacarepaguá, no Rio de Janeiro— também não teve concorrência e foi arrematado por um fundo de investimentos em infraestrutura por R$ 141,4 milhões, pouco acima do lance mínimo.
Por fim, o bloco Norte 2, que abrange os aeroportos de Belém (PÁ) e Macapá (AP), foi o único com disputa entre dois consórcios. A oferta vencedora foi de R$ 125 milhões, um ágio de 119%.
Adiante, resta o oitavo certame, com modelagem ainda em estudo e que deve ocorrer até 2024, com a venda conjunta dos aeroportos Santos Dumont e Galeão, no Rio.
Outros dois terminais, em São Gonçalo do Amarante (RN) e Campinas (SP), concedidos em 2011 e 2012, passam por processo de reversão da concessão e devem ser relicitados em algum momento.
O modelo nessas operações ainda era intervencionista, com exigência de participação de 49% da estatal Infraero, mesmo sem capacidade de investimento, o que legou uma série de problemas.
Foi justamente esse aprendizado que permitiu os avanços das últimas rodadas. Após o leilão de Congonhas, a parcela de passageiros atendida por operadores privados deve chegar aos 90%.
A concorrência é bem-vinda e pode gerar movimentações societárias entre os grupos e aperfeiçoamentos adiante. Os resultados até aqui são positivos, mas será de todo modo necessário confirmar o bom desempenho a longo prazo.
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