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Auxílio sem voto

Alta de benefício não tem, até aqui, impacto eleitoral relevante para Bolsonaro

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Jair Bolsonaro (PL), em evento eleitoral no Rio no dia do bicentenário da Independência - Tércio Teixeira/Folhapress

O aumento do valor do Auxílio Brasil para R$ 600 mensais foi anunciado em fins de junho por Jair Bolsonaro (PL) e aprovado em meados de julho pelo Congresso. O novo benefício começou a ser pago faz pouco mais de um mês.

Desde o final de julho, a diferença entre as intenções de voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Bolsonaro se estreitou. Segundo o Datafolha, passou de 18 para 11 pontos percentuais no primeiro turno. No entanto a melhoria relativa da votação do presidente não se deveu à mudança das preferências dos eleitores mais pobres ou dos beneficiários do auxílio.

Tampouco a crença de que Bolsonaro possa manter o valor desse benefício em 2023 parece levar mais votos para sua candidatura.

A parcela de eleitores inclinados a acreditar que o mandatário vai manter o valor majorado em 2023 é maior do que aqueles que pretendem reconduzi-lo ao cargo de presidente (40% a 34%).

Entre os beneficiários do programa, tal situação se repete: 37% acreditam que o Auxílio Brasil ainda será de R$ 600 sob um segundo mandato, e 29% declaram voto no presidente no primeiro turno.

Já no caso de Lula, os percentuais de intenção de voto e de crença na prorrogação do aumento em um governo petista são muito semelhantes —e, portanto, maiores do que os do incumbente.

A perspectiva de receber um Auxílio Brasil maior não parece, pois, associada à propensão maior de votar no presidente. Além disso, a preferência por Bolsonaro entre os beneficiários do programa assistencial praticamente não se alterou nas últimas seis semanas.

Em fins de julho, o presidente tinha 26% dos votos dos eleitores que recebem o auxílio. Na pesquisa Datafolha da semana passada, eram 29%. Uma elevação pequena, e além do mais semelhante à de Lula nesse estrato —o petista passou de 53% para 56%.

Em um segundo turno, a situação não se alterou. Bolsonaro continuou com 32% entre os eleitores do Auxílio Brasil; Lula, com 63%.

Cerca de 26% dos eleitores vivem em domicílios em que algum morador recebe o benefício. Entre as famílias com renda até dois salários mínimos, são 41%; no Nordeste, 40%. Do total dos eleitores, 82% dizem que o valor deve ser mantido em R$ 600, em vez de R$ 400.

Talvez novas rodadas de pagamentos do auxílio, associadas ainda a alguma discreta melhora da economia, possam carrear alguns votos para o presidente.

Mas a decisão de voto parece cada vez mais consolidada. Diminui o número de indecisos ou inclinados a alterar sua escolha. Uma das grandes iniciativas eleitoreiras do governismo mostra efeito modesto, a 20 dias do primeiro turno.

editoriais@grupofolha.com.br

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