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Rafael Lucchesi e Mozart Neves Ramos

Ensino médio no rumo certo

Experiências exitosas devem ser compartilhadas

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Rafael Lucchesi

Diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)

Mozart Neves Ramos

Titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados da USP de Ribeirão Preto

O ensino médio é a etapa mais desafiadora da educação brasileira. Mesmo antes da pandemia, 31% dos estudantes não concluíam a educação básica, e os que terminavam não apresentavam aprendizagem satisfatória. Para se ter ideia, em 2019, 89,7% dos estudantes tinham níveis insuficientes em matemática. Significa dizer que nossos alunos não estão absorvendo o conhecimento, tampouco estão sendo preparados para os desafios da sociedade contemporânea e do mundo do trabalho.

Após anos de debates e estudos, o Brasil iniciou o enfrentamento desse desafio, em 2017, por meio da lei 13.415. O novo ensino médio foi organizado por áreas do conhecimento em vez de disciplinas isoladas de forma que os estudantes desenvolvam habilidades e competências complexas e com incentivo à autonomia.

A reforma foi feita à luz de políticas educacionais de países como Finlândia e Canadá. Além da mudança de estrutura, se propôs também superar o ensino passivo-reprodutivo focado na memorização e repetição de conteúdo. Vale destacar que a reforma aumentou a carga horária do ensino médio para contemplar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o projeto de vida do estudante.

Assim, além das aprendizagens essenciais das antigas disciplinas, agora organizadas em área do conhecimento, o estudante escolhe áreas de aprofundamento ou formação técnica-profissional. Os itinerários surgem como uma possibilidade de a escola dialogar com o futuro dos estudantes por meio de propostas contemporâneas, com aulas dinâmicas, oficinas e projetos.

O itinerário de formação técnica e profissional permite aliar a obtenção de uma profissão à formação básica, o que contribui com a redução do abandono escolar. Dos jovens de 14 a 29 anos, 40% se afastaram da escola pela necessidade de trabalhar para ter uma renda, segundo a Pnad 2019. Atendemos ainda um anseio dos alunos —84% se interessam pelo ensino técnico— e impulsionamos a expansão da educação profissional, uma das metas do Plano Nacional de Educação de 2014.

A flexibilização curricular com a possibilidade de escolha dos estudantes contribui para o processo de amadurecimento dos jovens, mas não há mudança sem desafios. Para se implementar a nova proposta, são indispensáveis investimentos, não só em estruturas físicas e equipamentos, como também na formação de professores, cujo papel é determinante para as transformações do sistema de ensino e a manutenção da qualidade da prática pedagógica e dos resultados da aprendizagem.

É fundamental que boas práticas e experiências exitosas de instituições públicas e privadas de ensino se tornem referência e sejam compartilhadas. O país precisa avançar de forma significativa na melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. Não é possível ter uma educação de excelência apoiando-se nos velhos paradigmas que nos colocaram nessa situação alarmante. Para isso, é preciso um sistema sintonizado aos avanços sociais, científicos e tecnológicos e que ofereça oportunidades a todos.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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