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Virgilio Viana

A Amazônia e as eleições

É essencial votar em quem tenha um histórico de defesa do bioma

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Virgilio Viana

Superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), professor da Fundação Dom Cabral (FDC) e membro da Pontifícia Academia de Ciências Sociais do Vaticano

Nosso futuro como país nunca esteve tão dependente de uma eleição presidencial. O futuro do Brasil depende da Amazônia. É simples assim. Por isso, o eleitor deve focar em uma pergunta fundamental: qual candidato tem melhores credenciais para proteger a Amazônia?

A importância da região começa pelo seu papel como fonte de água para alimentar as chuvas, essenciais para a produção agropecuária, geração de energia hidrelétrica e abastecimento de água potável. A Amazônia também é fundamental para as exportações brasileiras e as nossas relações comerciais com outros países. O agronegócio é prejudicado com a deterioração da imagem internacional do Brasil em função do desmatamento. Assim, corremos sérios riscos de sofrer sanções comerciais das principais economias do mundo.

A Amazônia também é um ativo estratégico para nossas relações internacionais. Se for destruída, a luta contra a crise climática estará perdida. Esse é o principal fator que torna os países menos tolerantes com a destruição da floresta. A Amazônia pode receber bilhões de dólares por ano por meio do mercado de carbono, e o Brasil deveria usar essa preocupação internacional de forma inteligente, trazendo recursos financeiros e ganhando espaço diplomático nos fóruns internacionais.

Em um período em que já sentimos os efeitos das mudanças climáticas, a Amazônia de pé é o nosso seguro contra o agravamento do risco climático. Com a Amazônia viva, o Brasil poderá atenuar os impactos das secas que arruínam a produção agropecuária, ameaçam o abastecimento de água nas cidades e alimentam incêndios florestais cada vez mais devastadores. Nesse sentido, a Amazônia é também uma questão de saúde pública.

Estamos diante de uma questão fundamental para o nosso destino como nação. É essencial votar em um candidato que tenha histórico de defesa da Amazônia viva, contra o desmatamento e o garimpo e a extração madeireira ilegais.

É fácil saber o currículo dos candidatos com relação ao histórico de desmatamento da Amazônia. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma redução gradual do desmatamento, que começou com 25 mil km2 em 2003 e terminou com 7.000 km2 em 2010 —queda de 72%. O governo Jair Bolsonaro (PL) começou com 10 mil km2 em 2019 e chegou a 13 mil km2 em 2021 (aumento de 29%). Os dados de janeiro a agosto deste ano indicam uma alta de cerca de 20% em relação a 2021. Existe uma clara diferença de resultados dos candidatos em relação ao desmatamento na Amazônia.

O que temos pela frente é o desafio de ir além das posições partidárias e focar em dados confiáveis. A Amazônia nos coloca o desafio de pensar no país, pois é contra o interesse nacional destruir a Amazônia.

O Brasil tem muitos desafios, como a defesa da democracia e a redução da pobreza e das desigualdades sociais. Entretanto, nenhuma outra agenda deveria nos unir tanto como a Amazônia. Se continuarmos a destruir a floresta, o Brasil vai caminhar rapidamente para uma catástrofe econômica, social e ambiental. Todos que acreditam no futuro do país devem votar em prol dessa região estratégica para o nosso futuro. Isso é essencial para manter acesa a chama da esperança de prosperidade para o país.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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