Evangélico no STF
A língua de Bolsonaro continua destrambelhada. Não se contém. Não segura a onda. Despeja sandices e bobagens sem tréguas e freios. Depois dos gracejos toscos com a sexualidade dos japoneses, Bolsonaro cria nova e grotesca polêmica. Defendeu um ministro evangélico para o STF (“Bolsonaro questiona falta de ministro evangélico no STF”, Poder, 1º/6). A Suprema Corte não é feira de fé nem religião. Queremos um presidente otimista, alegre e operoso. Jamais um chefe de governo que não perde a chance de virar piada com as próprias asneiras que diz.
Vicente Limongi Netto (Brasília, DF)
Bolsonaro é cansativo. Religião é da esfera particular do indivíduo, não é e não pode ser critério de acesso às carreiras do serviço público nem de empresas privadas.
Paulo Roberto Schlichting (Curitiba, PR)
Quando em passado relativamente recente anunciaram que escolheriam um negro ou uma mulher para compor o STF, não me lembro de hordas de hipócritas levantarem-se contra tal critério de escolha. O silêncio foi absoluto. Entretanto, quando outro presidente expressa opinião sobre a possibilidade de escolher um evangélico para a Suprema Corte, os silenciosos do passado manifestam seletiva indignação. Nos tempos que correm, a hipocrisia é discricionária.
Milton Córdova Júnior (Vicente Pires, DF)
Vai aqui uma sugestão mais que radical: que tal um ministro de corte constitucional com credenciais de vasto conhecimento sobre direito constitucional?
Benjamim Picado (Rio de Janeiro, RJ)
PSDB
Doria tem o PT como muleta, apesar de esquecer-se dos escândalos de trens e rodovias de São Paulo (“O novo PSDB e o Brasil”, de João Doria, Tendências / Debates, 31/5). Arremedo de governador, após curto período de “prefake”, busca o posto de candidato a presidente tecendo loas a um partido que não mais existe. O grande PSDB de Montoro, Covas, FHC e José Richa dá lugar a isso que está aí: Aécio, Serra, Alckmin, Beto Richa. E Doria instala como presidente do partido Bruno Araújo, elogiador de Lula quando isso lhe foi benéfico e cujo aumento de renda não é explicado.
Dejalci Eduardo Fontana Martins (Bauru, SP)
Governo Bolsonaro
O tempo vai passando e as expectativas de que um governo legítimo que foi escolhido por milhões de brasileiros para tirar o país de uma situação insustentável vão esmaecendo. Cada dia aparecem declarações desencontradas, que nos levam a crer que o governo não tem foco noutra coisa que não seja a ideia fixa de que a reforma da Previdência será a redenção, o resgate do nosso crescimento econômico e social.
Rodolpho Odair Sverzutti Cava (Cafelândia, SP)
Se o presidente da República se guiasse pelos artigos de Claudia Costin (“O sonho de Monnet”, Opinião, 31/5) e Oded Grajew (“O país que queremos”, Tendências / Debates, 2/6), em vez de escutar as sandices de Weintraub e Olavo de Carvalho, teríamos alguma esperança.
Adjalma Rodrigues da Silva (Belo Horizonte, MG)
Universidade pública
Nos tempos atuais, em que o conhecimento e a pesquisa são menosprezados, grupos conservadores e privativistas voltam a criticar a universidade pública por seu caráter gratuito. O artigo de Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, é claro e preciso na defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade (“Proposta simplista para problema complexo”, Tendências / Debates, 1º/6). Reforço que elas desenvolvem também o ensino e a extensão. Formar profissionais em ambiente de pesquisa é um dos diferenciais quando se compara com as particulares que, na maioria, buscam o lucro.
Sérgio Antônio da Silva Leite, professor aposentado colaborador da Unicamp (São Paulo, SP)
Clara a argumentação do professor Sergio Firpo, do Insper, a favor da cobrança dos alunos mais ricos (“Oportunidade para reduzir desigualdades”, Tendências / Debates, 1º/6). Já o professor Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, afirma que no MIT as anuidades equivalem a apenas 10% do orçamento daquela universidade. Ora, 10% não é melhor que zero? O economista Ricardo Paes de Barros sugeriu uma fórmula simples: cobrar dos alunos de escolas particulares o mesmo valor que pagaram no último ano do ensino médio. Quem veio de escola pública não paga.
Eva Stal (São Paulo, SP)
As opiniões sobre a cobrança do ensino superior público ignoraram o aspecto mais importante que a justifica: ensino superior não está disponível para toda a população nem aqui nem em lugar algum do mundo. As vantagens pessoais para os beneficiários, em geral, superam o benefício social. Cobrar por parte do custo é mais socialmente justo do que a atual política de gratuidade para todos. Deveria ser óbvio que cobrança não isenta o Estado de investimento e nem é solução para déficit orçamentário.
Leandro R. Tessler, professor do Instituto de Física da Unicamp (Campinas, SP)
José Hamilton Ribeiro
A recensão do livro do Seymour Hersh (“Repórter – Memórias”) só poderia ter sido feita pelo José Hamilton, que domina o cenário e o timing da reportagem do massacre de My Lai, na Guerra do Vietnã (“A guerra gloriosa do jornalismo”, Ilustríssima, 2/6). Resenha nota 10. Ficou melhor ainda com os comentários dele sobre as opiniões do Hersh relativas ao jornalismo investigativo. Trata-se mesmo de uma morte anunciada? A “solução inglesa”, tipo BBC, seria a única alternativa?
Sinval de Itacarambi Leão, diretor responsável da revista e portal Imprensa (São Paulo, SP)
Brilhante, como sempre, o texto de José Hamilton Ribeiro sobre o jornalista americano Seymour Hersh A narrativa sobre o massacre de My Lai durante a Guerra do Vietnã, onde o próprio Zé Hamilton esteve e também foi vitimado num grave acidente, é uma aula de jornalismo.
Mário Rubial Monteiro (São Paulo, SP)
Sugestão
Considero que seria muito oportuno que o jornal fizesse uma pesquisa sobre a produção acadêmica das universidades federais e publicasse cadernos especiais com resumos por áreas do conhecimento e por regiões, entre outros recortes. É preciso que a população tenha acesso a esses dados com urgência.
Renata Rossini (São Paulo, SP)
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