Descrição de chapéu Coronavírus

Com suspeita de coronavírus, leitores têm dificuldade para realizar o teste da doença

Mesmo com febre, dores de cabeça e falta de ar, maioria não tem a prova e aguarda sintomas passarem em quarentena

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São Paulo

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde na tarde desta quinta (2), o Brasil já conta com mais de 7.900 casos confirmados do coronavírus. Nas últimas 24 horas, 58 novas mortes foram registradas.

Todos os estados das regiões Sudeste, Nordeste e Sul já tiveram ao menos um óbito decorrente da Covid-19. O maior volume é registrado em São Paulo, com 188 mortes, sendo 24 em apenas um dia.

Os sintomas mais comuns da Covid-19 são febre, cansaço e tosse seca. Dores no corpo, na garganta ou perda de olfato também podem aparecer, e uma em cada seis pessoas desenvolve dificuldade para respirar, segundo a OMS.

Leitores da Folha que possivelmente foram infectados, ou conhecem pessoas atingidas pela doença, contam que sintomas sentiram e como estão contornando a pandemia.

Tenho parentes em uma cidade localizada no triângulo mineiro com vários sintomas que indicam a Covid-19. Lá, o acesso aos exames ainda é extremamente escasso, mas isso não é novidade. O maior problema é o negacionismo que se instaurou na cidade.

Tenho três parentes que estão com graves sintomas da doença. Minha prima apresentou melhoras e agora passa bem. No entanto, a mãe dela, minha madrinha, com mais de 60 anos e diabética, apresenta fortes dores de cabeça, falta de ar, febre, dificuldade para comer e, ainda assim, não está sendo tratada com a devida gravidade da questão. "Uma pneumonia forte" é o que dizem.

Meu tio é a terceira pessoa. Asmático e com mais de 60 anos também. Apresentou uma forte falta de ar nesses últimos dias. Na última quinta-feira, minha avó faleceu de pneumonia, após entrar em contato com todas as pessoas mencionadas acima, e outras que foram visitá-la.

O que gostaria de pedir é para que os órgãos de saúde de Minas deem à questão a devida seriedade e informem mais incisivamente o corpo médico das cidades menores. (João Augusto*)

Trabalho na área da segurança pública. Domingo (29) acordei com uma moleza no corpo, indisposição e cansaço. Passei o dia em casa deitado. Na segunda (30) fui trabalhar e tentei fazer uma leve atividade física, mas me senti muito cansado e resolvi ir ao médico.

A médica do Hospital do Servidor Publico Municipal de São Paulo falou que os resultados dos exames não foram compatíveis com a Covid-19, porém não excluiu a possibilidade de ser, tendo em vista os sintomas. Ela me pediu para ficar 14 dias em casa e prestar atenção nos sintomas.

Pergunto se o certo não seria um teste para confirmar se eu estou com coronavírus. Hoje estou me sentindo mais fraco que ontem, mas ainda assim espero que não seja preciso voltar ao hospital. Mas, se estiver com o vírus, também não vou entrar nas estatísticas. Difícil! (José Anacleto S. Filho)

Fiquei doente no início do mês –tive febre, vômito, muita coriza. Procurei um hospital particular e eles me receitaram remédio, entretanto me deixaram esperando para fazer exames e eu não aguentei esperar, o descaso foi enorme. Fui para casa.

Entrei em contato com posto de saúde que me atendeu melhor do que um hospital particular. Eles realizaram o exame mas até hoje, 15 dias depois, não não ficou pronto. Já estou boa.

Após dez dias que eu tinha ficado doente, minha esposa também ficou muito doente com vômito, diarreia e tosse. Ela fez raio-x em uma UPA e o exame constatou que estava com manchas no pulmão. Encaminharam para um hospital particular, pois temos plano de saúde, mas lá também foi mal atendida e disseram que ela não precisava ficar internada. Então, ela tomou os remédios em casa.

Acredito que minha esposa não entrou nas estatísticas visto que, conforme o protocolo que estava sendo usado aqui em Minas Gerais, pessoas que não estão internadas não devem ser testadas. Se fizeram este procedimento com ela, devem ter feito com várias pessoas, então há subnotificação desde o início da contaminação. (Tânia M.)

Meu marido esteve no México e voltou para casa dia 17/3. No sábado, dia 21, ele começou a ter febre e dores de cabeça, e também já estava com coriza há alguns dias. No domingo, eu comecei a ter os mesmos sintomas.

A nossa febre oscilava entre 37 a 37.8, mas teve um dia que a minha atingiu 38.1. Nesse dia, fiquei muito mal, com dor de cabeça e fígado ruim. Foram dias difíceis porque a única coisa que dava para fazer era tomar dipirona ou paracetamol. Tomamos muita água nesse período e tentamos comer da forma mais saudável possível.

Também tomávamos sol durante uns 15 minutos, entre 10h e 11h, seguindo as orientações da médica do trabalho do meu marido. Fizemos repouso absoluto, ficamos mal por uma semana e ainda estamos nos recuperando.

Não tive muita coriza, mas meu nariz entupiu de uma forma que ficou difícil respirar, e perdi olfato e paladar. O corpo ainda fica cansado com atividades básicas, como lavar a louça, mas estamos nos recuperando aos poucos. (Daniela Zuliani)

Faz uma semana que meu esposo está com sintomas do coronavírus. Ligamos para a secretaria de Saúde, e eles recomendaram não sair de casa pois não tinha como fazer o teste em quem estava com sintomas medianos do vírus.

Ele inicialmente teve irritação na garganta, dois dias de febre, e agora sente leve falta de ar e muito cansaço. Eu improvisei um quarto na sala e estamos dormindo separados. Pratos e talheres estão separados, e tudo o que ele pega eu esterilizo. Não posso dar um beijo nem um abraço no meu marido, e ele não foi testado.

Compramos um apartamento pelo programa do governo federal, e todos os dias ligo no mínimo quatro vezes para a Caixa Econômica pedindo suspensão do pagamento por 60 dias. Quando clico nessa opção, eles desligam o telefone.

Moramos no Recife, de aluguel, e não estamos pagando. O dono do apartamento pode nos despejar. O Brasil está no maltratando demais. (Raquel Maciel)

Sou sergipano e após quatro dias com alguns sintomas –fadiga, tosse seca, enjoo, boca amarga, respiração comprometida (com 92% de saturação) e dor nas costas– procurei uma unidade particular de saúde. Mesmo assim, não fui autorizado a fazer o exame para confirmação da Covid- 19.

O profissional de saúde informou que apenas quem for internado irá fazer o teste. Ou seja, o número de contaminados que estão, igual eu, sem registro nos sistema de saúde, e apenas em isolamento em casa, deve ser imenso.

Os números da pandemia no Brasil são uma fraude. Infelizmente somos muitos contaminados anônimos. (Robson Santana)

Sou militar, resido em Moreno-PE, e sou totalmente favorável ao isolamento social (quarentena) para combater a Covid-19.

Minha irmã fez uma cirurgia ocular no dia 14/3, deu tudo certo, porém depois de seis dias ela apresentou um quadro de febre que perdurou por mais oito. Levamos ela ao hospital da cidade e foi detectada uma pneumonia.

Já com o Brasil sob o efeito do coronavírus, estamos muito preocupados, pois minha cidade não realiza o teste. Ela está sendo medicada para pneumonia e estamos em alerta, caso o quadro evolua. (Jorge Viana da Silva)

Minha mãe tem 77 anos e ela está com Covid-19. Começou a sentir falta de ar no dia 22/3 e foi diagnosticada com pneumonia.

Em seguida, ela foi transferida para o Hospital das Clínicas, onde foi entubada. Graças a Deus agora ela está bem melhor, já saiu da UTI e está no quarto. (Michele Dias)

(*O nome foi omitido, a pedido do leitor)

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