Vacinação
Nunca imaginei que o benefício das vacinas, o maior avanço da medicina, pudesse ser posto em dúvida por parte da população nos dias de hoje. Qual adjetivo deve ser dado ao chefe de uma nação que estimula a descrença na imunização com declarações mentirosas e sem base científica? A repercussão no programa brasileiro de imunização —até agora um dos melhores do mundo— já pode ser sentida. Inúmeros brasileiros, particularmente crianças, passarão a ter enorme risco de morte ou de sequelas graves.
Carlos Chiattone, professor titular da Santa Casa (São Paulo, SP)
"Eu não vou tomar vacina e ponto final, problema meu". Ledo engano. É problema dele enquanto pessoa física, não enquanto exerce --ou melhor, brinca de exercer-- o cargo de primeiro mandatário de uma nação. Ele deveria ser o primeiro a dar o exemplo e a demonstrar confiança na ciência. Bolsonaro não tem o direito de tratar com descaso e desrespeito a vida de cada brasileiro.
Simone Siebner (São Paulo, SP)
"Maioria no STF permite que Estado imponha restrições a quem não tomar vacina contra Covid-19" (Saúde, 17/12). Brilhante a atuação do STF, que deixou clara a importância da vacinação ao aventar a possibilidade de sanções para impedir que pais irresponsáveis comprometam a saúde coletiva.
Eduardo Passos (São Paulo, SP)
Medida espúria e arbitrária essa do Supremo. A corte deveria abster-se de tomar essa decisão pelo simples fato que a aprovação das vacinas está se dando de forma precipitada e sem que conheçamos seus efeitos nos médio e longo prazos. Todos desejamos que sejam eficazes e sem complicações secundárias, o que apenas o tempo dirá.
Marcos Serra (Porto Alegre, RS)
A pandemia só poderá ser efetivamente controlada se no mínimo 75% da população for vacinada. Será que nenhum dos bajuladores que rodeiam o tenente cloroquina consegue explicar-lhe isso?
Adhemar Testa (São Paulo, SP)
É inacreditável que a legislação não preveja o afastamento sumário de presidentes e ministros que conspirem explicitamente contra a saúde pública em casos de vida ou morte. Bolsonaro, ao afirmar que não vai tomar a vacina, e Pazuello, criticando a ansiedade da população diante de mais 180 mil mortos e hospitais cheios, demonstram que não têm a mínima condição de liderar a nação.
Alex Strum (São Paulo, SP)
As seringas
O especialista em logística teve apenas nove meses para gestar um plano de compra de seringas, refrigeradores, algodão e esparadrapo.
Paulo Arisi (Porto Alegre, RS)
Eleições 2018
"Ações sobre disparos em massa na eleição de 2018 fazem dois anos com investigação capenga" (Poder, 17/12). A Justiça funciona só quando se investigam os adversários da direita. É óbvio que o processo "precisa" ser lento! Empresários fogem, provas são destruídas e, anos depois, quando o bando que tomou o Planalto destruir completamente o país, o processo será finalizado. Continue investigando, Folha! Desse esgoto sairá mais sujeira.
Ana Ferraz (Vitória, ES)
A Justiça deste país existe para proteger as capitanias hereditárias políticas. Pune apenas os peixes pequenos, que não fazem parte dessa casta hereditária. O julgamento da chapa Dilma-Temer é o horroroso exemplo da injustiça comandada por ministro do STF. E por que nós, eleitores, permitimos que isso se mantenha assim? Por que não temos entrevistas nas mídias com cientistas políticos explicando tal fenômeno?
Mauro Tadeu Almeida Moraes (São Paulo, SP)
Saúde mental
O artigo "A quem interessa o desmonte da política de saúde mental?" (Tendência / Debates, 17/12) coloca bem o histórico dos avanços da reforma psiquiátrica no Brasil, mas não responde à questão colocada no título. Esse desmonte interessa aos empresários, donos de hospitais psiquiátricos, verdadeiros depósitos de seres humanos. Entre eles os donos das comunidades terapêuticas --manicomiais em sua essência--, ligadas a grupos religiosos, com certeza apoiadores do atual governo, que segregam e desrespeitam o sujeito.
Maria Alice Paes, psiquiatra do SUS (São Paulo, SP)
Analiticamente correto, o artigo "A quem interessa o desmonte da política de saúde mental?" encontrou eco dentro de mim, que militei a vida toda no movimento antimanicomial. Conheci a realidade dos manicômios durante a faculdade de medicina e resolvi ser psiquiatra para combater a triste realidade retratada por Daniela Arbex no livro "Holocausto Brasileiro". Após 45 anos de profissão, continuo na mesma luta. É muito bom saber que hoje somos muito mais do que no início da luta contra os manicômios.
José Elias Aiex Neto, psiquiatra, ex-presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, autor de "Psiquiatria sem Alma" (Foz do Iguaçu, PR)
Paradoxo
Um eminente paradoxo a entrevista concedida pelo presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo ("Momento de desgovernos exige o coro dos lúcidos", Poder 17/12). Ao mesmo tempo em que prega a defesa irremediável da liberdade dos cidadãos, critica de forma altiva o aborto promulgado por lei de uma menina de dez anos vítima de estupro. Olvida o arcebispo que o Brasil não é um estado teocrático e que a vontade ensinada pela fé cristã não se sobrepõe à laicidade garantida na Carta de 1988.
Sílvio Marcio Gomes Oliveira (Itapevi, SP)
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