O texto abaixo foi enviado pelo leitor Flavio Oliveira, de São Paulo, por mensagem no Instagram da Folha. Você pode mandar o seu relato pelo email interacao@grupofolha.com.br.



Como de costume acordei por volta das 7h. Depois de uns 15 minutos enrolando na cama, fui ao banheiro: xixi, água no rosto, pés sob a balança. O resultado motiva meus 30 minutos de atividades físicas em casa.

Saio sempre do quarto em silêncio pra não acordar ninguém.

“Hey Google, bom dia.” - enquanto estico o tapete emborrachado, vem a dolorosa resposta: “fazem 13 graus em Vila Mariana.”

13 minutos suados e o Mario Jorge abre a porta do quarto sorrindo e já querendo brincar antes mesmo do café da manhã. Pausa nos exercícios. Inicia-se uma negociação: “e se a gente brincar comendo?” É sempre uma boa ideia pra começar o dia sem muitos conflitos.

Corro pra cozinha. Beijo na patroa. Enquanto faço meu clássico bolinho rápido de banana com aveia, a Ellen faz o leite e o Mario Jorge abre a caixa de um jogo de tabuleiro que compramos no Mercado Livre.

Jejum intermitente pros maiores de 4 anos.

A Maya chega com um ossinho de plástico pra brincar.

Uma mão cheia de vitaminas e suplementos, Tulsi Detox e vida que segue.

Um olho no relógio, que me lembra a primeira reunião em 30 minutos, outro na Maya, que tenta roubar o bolinho do Mario Jorge, e outro no dado, que rola pelo chão.

Tiro o lixo. Roupas na máquina de lavar.

Hora de trabalhar…. É, parece que não deu pra terminar o treino de hoje.

Reuniões seguidas com gente do mundo todo, sem nem mesmo sair do quarto. Umas, duas, três…
Pausa pro almoço. Quatro, cinco, seis… 7 horas da noite.

Hora de jantar, e hora de fazer o jantar. E também o almoço de amanhã. Sopa de feijão, feijão, purê de inhame, quinoa, couve refogada. Coloco o peixe pra descongelar.

Pausa pra inalação na criança. O Rappi chega com os ingredientes que faltavam. E toca eu voltar a cozinhar. Brincar. Cozinhar. Brincar. Responder os WhatsApps dos amigos e da família.

Lavo a louça, recolho os brinquedos.

Já são 22:30. É só mais uma segunda-feira normal pra agradecer a saúde e o bem-estar de todos ao meu redor.

Nada disso é cansativo. Pelo contrário.

Cansativo é a rotina de abrir o aplicativo da Folha pra se atualizar antes de dormir e se deparar com os absurdos e incompetências de quem nos preside. Isso também virou rotina. Essa parte me cansa.

Flavio Oliveira, 31, publicitário, São Paulo (SP)



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