Enquanto isso

A foto das pessoas garimpando alimentos no caminhão de lixo em Fortaleza tornou a genial charge de Benett muito mais emblemática. Nesta triste realidade, não há como não lembrar da citação de Ariano Suassuna: “O cachorro não gosta de osso; ele o rói na esperança de achar um resquício de carne”. Enquanto isso, o trem da poesia de Solano Trindade continua a soar: “Tem gente com fome”.
José Roberto Machado (São Paulo, SP)

Pizza e samba
Independentemente do relatório final, o maior mérito da CPI sem dúvida foi o de ter exposto a incompetência, o negacionismo e a ignorância, no duplo sentido da palavra, do governo federal em relação à pandemia. Agora, alguém dizer que os protagonistas da comissão não tiveram interesse político nenhum e que não visaram, entre outras coisas, as eleições do ano que vem, é de um cinismo inaceitável. O racha envolvendo o relatório que o diga. A CPI, de fato, não acabou em pizza, mas certamente resvalou o terreno do samba.
Luciano Harary (São Paulo, SP)

Carne
A Folha trouxe uma boa notícia para os amantes do churrasco (“Pequim mantém veto à carne brasileira e preocupa setor”, Mercado, 19/10). O preço da carne deverá baixar no mercado interno. Quanto à China, terá várias opções de onde se abastecer, como a Austrália, o Japão, que produz a melhor carne do mundo, e até mesmo o nosso vizinho Uruguai —o que permitirá que os chineses apreciem um “asado de tira”. Sorte deles...
Américo Utumi (São Paulo, SP)

Sem teto
“Bolsonaro quer que Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família, chegue a R$ 400” (Mercado, 19/10). E a história se repete: de um lado, pessoas famintas, desempregadas e sem esperança. De outro, um governo ineficaz, cruel, ganancioso e obcecado pelo poder. Até quando? Até quando?
Maria Izabel Lima (Fortaleza, CE)



Ué, mas o programa Bolsa Família não era esmola e o que o povo quer é trabalhar? Já que o golpe não deu certo, agora ele vai pela cabeça de seus asseclas malucos de que é preciso comprar os pobres para ganhar as eleições! Mas não detestam os pobres que “se insurgem” e ousam ir para Miami em vez de irem para Cachoeira de Itapemirim. É melhor ja ir aceitando a derrota.
Maurício Silva (Rio de Janeiro, RJ)

Xingando o papa



As ofensas proferidas pelo deputado Frederico D’Ávila (PSL), na tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo, dirigidas ao papa Francisco e ao episcopado brasileiro, merecem punição exemplar, incluindo a cassação do mandato, tal a gravidade do fato. As pessoas, independentemente da crença que professam, não aceitam apenas um simples pedido de desculpas. A imunidade parlamentar exige limites. Aos caluniados a nossa solidariedade.
Geraldo Tadeu Santos Almeida (São Paulo, SP)



Enquanto persistirmos com esse malfadado jeitinho brasileiro, este país vai continuar “isso aí”. As pessoas (de bem?) continuam proferindo impropérios, destruindo reputações e ameaçando. Depois pedem desculpas e fica tudo bem?
Adeilson Quinto (Itabuna, BA)



O tucano Carlos Pignatari, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, tem que descer do muro e levar o caso desse parlapatão grosseiro e mal-educado para a Comissão de Ética da casa para possibilitar a sua cassação. Não adianta agora esse lacaio defensor de miliciano psicopata e genocida que promove a pátria armada dar uma de covarde e pedir desculpas.
Wilson Kfouri (São Paulo, SP)



Fuga de cérebros
Quando investigadores fazem pesquisas no estrangeiro e voltam, pensamos em circulação de cérebros. Quando governos ameaçam pesquisadores com privação de direitos, prisão, tortura ou morte, falamos de fuga de cérebros. Quando um governo, como o brasileiro, é contra a ciência e asfixia instituições que a financiam, estamos vendo a expulsão de cérebros. Expulsar cérebros do Brasil é mais uma responsabilidade de um governo que já contribuiu com a morte de milhares de cidadãos.
Hernan Chaimovich, professor emérito do Instituto de Química da USP e ex-presidente do CNPq (São Paulo, SP)

Acusações
“Ex-ministros dos Direitos Humanos acionam STF para que Bolsonaro explique acusação de que incentivavam a pedofilia” (Poder, 19/10). Cumprimento os ex-ministros por apontarem essas questões. A ignorância e a incapacidade pensante acabam provocando atos descabidos, por vezes nefastos para a sociedade como um todo.
Beatriz Judith Lima Scoz (São Paulo, SP)



É lamentável que a Justiça brasileira não alcance Bolsonaro e seus filhos. Infringem as leis, cometem corrupção, espalham ódio e mentiras, ferem reputações e tudo fica por isso mesmo. Sempre me pergunto até quando teremos uma Justiça que costuma punir os pretos e os pobres, mas, muito raramente, pune ricos e políticos.
Bianca Moreira (Brasília, DF)

Racismo
A crônica de Oswald de Andrade sobre o boxeador negro Jack Johnson, resgatada por Ruy Castro na edição desta segunda-feira (“Oswald vs. Jack Johnson”, Opinião), já foi objeto de vários trabalhos acadêmicos sobre o racismo entre os modernistas e sobre a forma como o preconceito evoluiu ao longo do tempo. Da mesma forma, historiadores do futuro poderão usar as páginas de Opinião desta Folha para verificar como se perpetuou a naturalização do racismo, um século depois, entre editores e alguns articulistas.
Adilson Roberto Gonçalves (Campinas, SP)