Pandemia, crise financeira e mudanças de vida impedem eventos de leitores da Folha

Shows foram cancelados e adiados em meio às medidas de restrição para conter o coronavírus

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Guaratinguetá (SP)

Você se lembra do que estava fazendo em 11 de março de 2020?

Lá se vão quase dois anos do dia em que a Organização Mundial da Saúde pandemia de coronavírus, data histórica para a humanidade.

A vida e os planos da população seguiam normais, até que casamentos, aniversários, festas, reuniões… Muita coisa precisou ser adiada para um momento em que as coisas voltassem ao normal. Passaram-se dias, semanas, meses, até percebermos que o tão alardeado "novo normal" talvez tenha vindo para ficar.

É claro que festas e encontros privados continuaram acontecendo. Alguns clandestinamente (não é, Boris Johnson?), outros sem escapar do escrutínio das redes sociais e o cancelamento dos organizadores pela falta de empatia.

Desde então, tivemos várias ondas de contágio, o início da vacinação e mais de 620 mil mortos.

Alguns eventos já foram remarcados inúmeras vezes e ainda não aconteceram. Há ingressos mofando na gaveta ou em uma pasta qualquer do computador. Outros tiveram melhor sorte e conseguiram, enfim, retomar.

O leitor Alessandro Fernandes, 20, comprou ingresso para ir ao Festival MADA (Música Alimento da Alma), em Natal (RN), com uma amiga em 2019. O evento, que aconteceria em 2020, foi adiado para 2021 e, depois, para 2022. "Brinco com minha amiga que, ainda bem que o ingresso é digital, porque se fosse em papel talvez já estivesse velhinho", conta.

Eloiza Silva, 58, veria Michael Bublé em outubro de 2020 se não houvesse uma pandemia no meio do caminho. O show já foi remarcado e adiado novamente, mas ela garante: "Não irei enquanto as condições sanitárias não estiverem seguras".

O problema não tem sido apenas o adiamento ad infinitum dos eventos, que faz nos sentirmos eternamente no Dia da Marmota. A realidade financeira de muitas pessoas mudou nesse meio tempo e elas se depararam com algumas dificuldades, como conseguir o reembolso desses ingressos ou driblar os novos preços para ver seus artistas favoritos.

A cantora norte-americana Taylor Swift realizaria shows no Brasil nos dias 18 e 19 de julho de 2020, no Allianz Parque, em São Paulo (SP). A turnê foi adiada, mas não foram anunciadas novas datas. Os ingressos para as apresentações da cantora no país estavam esgotados e os preços variavam entre R$ 150 e R$ 850. Em fevereiro de 2021, Taylor Swift cancelou a turnê.

A empresa que realizou a venda de ingressos no Brasil, Tickets for Fun, decidiu transformar o valor dos ingressos em créditos para shows de outros artistas. "Eu sou fã da Taylor. Não tenho qualquer outro interesse em ter créditos na agência. Senti como se eu tivesse emprestando dinheiro sem correção monetária para uma empresa de eventos da qual nunca fui sócia." desabafa Juliana Ortiz, 33.

Marcelo Pereira, 52, até conseguiu de volta o dinheiro do ingresso que comprou para ver Billie Eilish no Allianz Parque em março de 2020. Mas a taxa de compra ficou com a produtora. "Não me conformo".

O problema de Adinan Jarouche, 34, foi um duplo cancelamento: o do show de Pearl Jam no Madison Square Garden, em Nova York, que aconteceria em março de 2020, e o do voo que o levaria até lá. O reembolso da passagem aérea foi garantido e ele ainda tem o ingresso para o show. Mas sua vida mudou com a pandemia e ele não tem certeza se conseguirá comparecer:

Me casei, ganhei dois enteados e agora tenho um cachorro (cujo nome é Eddie, por causa do vocalista do Pearl Jam). A passagem de São Paulo a Nova York, que havia saído por R$ 2.700 em 2020, hoje não sai por menos de R$ 5.000.

Adinan Jarouche

34 anos - São Paulo (SP)

O problema de mudanças no orçamento também atingiu Jordana Peixoto da Costa, 49, que iria ver o Metallica em Belo Horizonte em abril de 2020. O show foi remarcado para maio de 2022. "Os custos da viagem e hospedagem já não cabem no meu orçamento, bastante combalido pela crise e desgastado pela inflação."

Veja outras histórias de leitores da Folha:

Eu fiz uma brincadeira, coisa de mãe. Já com os meus 59 anos, hoje estou com 61, disse a minha filha que se a amiga dela fosse ao show dos Backstreet Boys no Allianz, eu iria. Eu acompanhei a paixão delas pelo grupo na adolescência, e tenho uma quedinha também. A amiga topou. Compramos os ingressos. Eu, louca para acompanhar as "meninas" (hoje mulheres resolvidas) e... Bom, vocês sabem o que aconteceu.

Denise Helena Salgado

61 anos - São Paulo (SP)

Meus ingressos (dois, meu e de minha filha) datam de março e junho de 2021. Comprei com antecedência para economizar. Uma semana antes do show da Epica (a banda holandesa de rock sinfônico se apresentaria em 12 de dezembro de 2021) me informaram que o show foi adiado por um ano. O problema é que não estarei no Sudeste daqui a um ano devido às injunções do trabalho, mas no Nordeste. Esse show já está custando umas 5 ou 6 vezes mais, considerando uma viagem a São Paulo partindo de Pernambuco. Temo não conseguir ver ao vivo os belos olhos azuis de Simone Simons…

Marcelo Sá da Silva

38 anos - Poços de Caldas (MG)

Tenho ingressos para o show “Bloco do Silva” no Rio de Janeiro, marcado para acontecer em 21 de janeiro de 2022. O show foi remarcado para 14 de maio e entendemos que há uma expectativa da produção de que, até lá, o número de pessoas infectadas pelo COVID diminua.

Elane Rodrigues do Lago

46 anos - Macaé (RJ)

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