Leitores contam do que sentem mais falta da infância

Quintal, locadora, rock, séries de heróis japoneses, Xuxa, cinemas e enciclopédias estão entre as citações enviadas à Folha

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ASSUNTO: Do que você mais sente falta de sua infância?

Tenho ótimas recordações da minha antiga casa, no Aricanduva, na zona leste de São Paulo. Era simples, mas guardava tesouros: um quintal e um jardim, coisas raras na capital. Eu tinha 9 ou 10 anos. No quintal, eu soltava a imaginação, brincava com os cachorros, via pipas no céu, ouvia música no rádio FM do meu primeiro celular, que tinha botão (item de museu!), lia e escrevia histórias. Eu adorava. Em 2010, eu me mudei. Creio que quintal e jardim já não existam. Mas estão vivos na minhas lembranças!
Victoria Nogueira (São Paulo, SP)

Sinto falta da explosão e da energia do rock nacional, nosso "realismo fantástico", que ilustrou, com genialidade, a transição política e a perspectiva democrática nos anos 80. Um movimento artístico assim tão espontâneo, que traduziu contexto histórico com tanta fidelidade e é muito difícil de se repetir.
Marcos Antônio da Silva (Londrina, PR)

Do saborosíssimo chocolate da Turma da Mônica. Devorava minhas barrinhas assistindo aos filmes da Sessão da Tarde ou à TV Cruj. Nunca mais degustei um chocolate igual.
Luiz Capucci (Corumbá, MS)

Eu lembro que construí uma patinete e desafiei amigos da Vila Exposição, em Passo Fundo (RS), a irmos até Marau, a 42 km de distância. Num domingo, às 6h, dez jovens partiram, sem os pais saberem. Às 11h, já esgotados devido ao calor, fizemos um lanche e discutimos como voltar. Tive a ideia de vendermos as patinetes e voltarmos de ônibus. Ao chegarmos, o bairro estava cheio de polícia e de familiares aflitos. Ainda sujos e suados, levamos uma surra dos pais. Mas valeu a pena. Isso foi em 1963 e eu tinha 14 anos. Hoje com 72, me recordo, conto, e rimos muito.
Pedro Primitivo Girardi (Curitiba, PR)

De ir à locadora. Era meu passeio favorito, adorava ficar vagando pelas prateleiras. Geralmente minha mãe deixava eu comprar um doce que estivesse sendo vendido no caixa. Voltava para casa e assistia ao filme várias vezes até o dia de devolver. Fui frequentadora assídua, tive carteirinha! Fui até que todas fechassem.
Deborah Almeida (Belo Horizonte, MG)

Ah... da liberdade! Por mais contraditório que isso pareça, pois cresci no Brasil da década de 70. Não tínhamos medo de ficar o dia inteiro brincando na rua. Entrávamos em casa para comer e dormir e só deixávamos a rua para ir à escola.
Eládio Gomes (Sudbury-ON, Canadá)

Da elegância das ruas Barão de Itapetininga, Don José de Barros, 24 de Maio, Xavier de Toledo, do Arouche, 7 de Abril, Conselheiro Crispiniano, Direita, São Bento, Álvares Penteado, Marconi, Sonata Efigênia, av. Ipiranga, São João, praça do Patriarca, Antônio Prado e dos cines Metro, Marrocos, Ipiranga, Marabá, Jussara, Ópera, Paratodos, Broadway, Coral, Barão, Bandeirantes, Windsor, Paissandu, Comodoro e Olido.
Flavio Kuczynski (São Paulo, SP)

Sinto falta de, ao brincar na rua até o fim de tarde, voltar para casa com o cheiro do jantar pronto.
Luciano Andrade Ribeiro (Brumadinho, MG)

O lazer da criançada era nas ruas, os meninos jogando bola ou bets com taco, e as meninas pulando corda, amarelinha ou passa anel, brincadeiras com nomes que, para os jovens de hoje, só têm significado se buscarem o termo no Google.
José Carlos (Campinas, SP)

Tenho saudades dos fascículos semanais de enciclopédias e dos kits de ciências completos que chegavam às bancas de revistas. Cabiam no "orçamento" das crianças e estimulavam leitura e espírito científico.
Marcia Cristina P. Bertoldi (Curitiba, SP)

Das brincadeiras. Saudades das comidas de minha avó e de minha mãe como a paçoca pantaneira, o bolo de arroz, doces de mangaba e limão, e das festas, como as do Divino Espírito Santo, Folia de Reis e Carnaval. Das histórias contadas pelos mais velhos como do coelho e onça, macaco e onça, assombração, saci, caçadas e outras.
Petrônio A. C. Filho (Três Lagoas, MS)

Saudades de acordar, ver a Xuxa na TV, ir à escola, brincar com amigos, assistir às séries de heróis japoneses na Manchete, fazer lição de casa, assistir a novela, jantar e depois repetir tudo. Do meu pai que o câncer levou e só deixou saudades.
André Ulisses D. Batista (João Pessoa, PB)

Loja "Super Anos 80", em São Paulo, de brinquedos antigos e típicos dos anos 1980. Além de vender brinquedos, ela é um ponto de encontro de colecionadores e aficionados por videogames antigos
Loja "Super Anos 80", em São Paulo, de brinquedos antigos e típicos dos anos 1980. Além de vender brinquedos, ela é um ponto de encontro de colecionadores e aficionados por videogames antigos - Rubens Cavalari/Folhapress

MacGyver; Ki-suco; pirulito Zorro; dadinho; autorama; máquina de escrever Olivetti; rádio-relógio; magiclick; aparelho de som 3 em 1; vitrola; enciclopédia Barsa/Delta Larousse; diploma de datilografia; sapato Vulcabrás; Atari; monóculo; fita TDK; rolimã e muita, muita coisa mais. Se não lembrar nada disso, você ainda nem nasceu. Se lembrar a metade, você é uma brasa, mora! Se lembrar de tudo, você é de grupo de altíssimo risco, e a pandemia o aconselha a ficar em casa, talkey?
Mauro Xavier Biazi (Guarapuava, PR)


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