Leitores comentam eleições e ditadura militar

Maior atenção da Folha a questões raciais e politização da polícia são outros temas abordados

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PM e política
O coronel Ronaldo Miguel Vieira inicia sua gestão com um eloquente discurso dizendo que não permitirá manifestações politicas dos componentes da corporação. Que bom, ótimo sinal. Pena que a foto que ilustrou essa noticia no site do jornal o mostrava ao lado de um quadro do brigadeiro Tobias de Aguiar, que dá nome a uma das polícias mais truculentas do país (Rota) e que, em diversas ocasiões, tratou manifestações políticas pacíficas como ato de bandidos e "desceu a borracha", prendeu e humilhou manifestantes. A conferir.
Arlindo Carneiro Neto (São Paulo, SP)

O coronel Ronaldo Miguel Vieira, que assume a PM paulista, ao lado de quadro do brigadeiro Tobias Aguiar, ‘patrono’ da Rota - Karime Xavier/Folhapress

Tudo bem explicadinho...
"Mendonça explicou a Bolsonaro as razões para seu voto pela prisão de Daniel Silveira" (Painel, 3/5). Que ministro do Supremo é esse que se sente na obrigação de dar satisfações ao presidente da República, que o indicou ao cargo, sobre seu voto? Ele confunde sua toga com canga ou cabresto. Seu gesto rebaixa o STF.
Jonas Nunes dos Santos (Juiz de Fora, MG)

Desmoralização
Nada daquilo por que estamos passando no momento teria acontecido se o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tivesse ido conversar com o Supremo Tribunal Federal para acalmar a situação e se o senhor Arthur Lira (Progressistas-AL), presidente da Câmara, tivesse feito sua obrigação e colocado em pauta um dos cento e tantos pedidos de impeachment contra o atual presidente. Não teríamos chegado a essas desmoralizações da nossa Constituição.
Tania Tavares (São Paulo, SP)

Voto jovem
Coitados dos jovens! Votar nessa turba que está aí? Que não discute o país? Que coloca a educação num patamar horripilante? Que não prioriza o bem-estar do país? Votar para quê? Para manter os cupinchas indicados pelos chefes partidários? Chega de enganação! Podemos dizer que o país melhorou depois das últimas eleições? Parece que o trem fantasma não tem fim. Basta dessa gente!
Antonio Maurilo Villas Bôas (São Carlos, SP)

Voto militar
O Exército quer fazer uma apuração paralela das próximas eleições para garantir a lisura do pleito. Julga-se técnica e moralmente capaz de cumprir tal missão baseado no fato de que entre 1964 e 1989, mesmo com urnas de lona, houve eleições limpas e sem fraudes? À época, para afastar os riscos de fraude, até tomou o extremado cuidado de abolir o voto direto do ignaro povo e cassou mandatos de deputados que não concordassem em votar nos seus indicados. Seus "candidatos", em cinco "eleições" seguidas, nunca perderam. O povo? O último desses milicos, em 1985, confessou que só gostaria de povo se ele cheirasse a cavalo. Só contando com a credibilidade do Exército como fiador eleitoral o atual capitão-candidato verá com justo o resultado?
Fidelis Marteleto (Rio de Janeiro, RJ)

Negros
Com o aumento dos holofotes sobre as pessoas negras, sentimos mais de perto a dor do preconceito, o drama que vivem, a luta por oportunidades, por dignidade. Estamos juntos, somos seres humanos iguais.
Cristina Reggiani (Santana de Parnaíba, SP)

2016 x 2022
Estou ansioso para ver se o jurista Ives Gandra vai responder ao artigo do advogado e doutor em direito pela USP Eduardo Pannunzio, que evidenciou uma enorme hipocrisia jurídica ("A graça de Bolsonaro e as responsabilidades dos juristas", Tendências/Debates, 29/4).
Pedro Valentim (Bauru, SP)

Registros
É uma bem-vinda pincelada de memória e história o depoimento do cineasta João Wainer sobre o livro que o jornalista Samuel Wainer lhe deu de presente em 1978 ("Meu avô, minhas filhas e a liberdade", 2/5). Então recém-lançado, "O Livro Negro da USP" tinha a finalidade de denunciar e deixar registradas as perseguições da ditadura militar ao corpo docente da Universidade de São Paulo. Em 2004, decorridos 40 anos do golpe militar, a Adusp lançou uma edição revista e ampliada desse dossiê, agora sob o título "O Controle Ideológico na USP (1964-1978)", que descarta conotações de discriminação racial inadvertidamente suscitadas pelo título original. Uma edição conjunta com a Editora da USP (Edusp) veio à luz em 2018, por ocasião do cinquentenário do AI-5. Ditadura nunca mais!
Michele Schultz, presidenta da Adusp (São Paulo, SP)

Dedicatória de Samuel Wainer ao neto, João, na obra "O Livro Negro da USP"
Dedicatória de Samuel Wainer ao neto, João, na obra "O Livro Negro da USP" - Arquivo pessoal


Como ex-presidente da Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), principalmente nestes dias em que o inominável e seus asseclas fardados elogiam os anos de chumbo (1964-1985) da ditadura militar, saúdo João Wainer, que, em sua coluna "Meu avô, minhas filhas e a liberdade", menciona "O Livro Negro da USP", publicado em 1978 pela Adusp. Esse pequeno livro denunciava, ainda no período ditatorial, os crimes praticados pela ditadura militar na USP, no período de 1964 a 1978, crimes esses que prosseguiram até 1985. Desejo aqui apenas esclarecer que, em 2004, a Adusp publicou uma nona edição com o título corrigido para "O Controle Ideológico na USP" (1964-1978).
João Zanetic, professor sênior do Instituto de Física da USP (São Paulo, SP)

Perdão divino?
A leitura de Ana Cristina Rosa ("A que ponto chegamos", Opinião, 2/5/22) causa indignação. Ela expõe com clareza e com a mesma indignação deste leitor o constrangimento da senhora negra ao tocar a mão da senhora branca. Ana Rosa está certa: o receio confessado pela doméstica revela a perversidade, o ranço preconceituoso, a falta de ética, a desumanidade e o imenso desvio moral da pretensa elite brasileira. É inacreditável que neste século 21 essa elite de emplumados não se dê conta do ridículo de suas vidas medíocres e criminosas, comprovadas pelas 2.000 pessoas em situação análoga à escravidão. E é gente, com semblante compungido, que lota as igrejas, engrossa as procissões e endurece os joelhos nos confessionários na inútil busca do perdão divino.
Elisabeto Ribeiro Gonçalves (Belo Horizonte, MG)

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