Descrição de chapéu Eleições 2022

'Desenvolvi ansiedade generalizada associada a ataques de pânico'

Leitores comentam impacto da política na saúde mental e nas relações pessoais

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São Paulo

Algumas relações se romperam; outras se estremeceram. No núcleo familiar isso é particularmente desgastante, pois em alguns casos não é possível evitar contato. Pessoas próximas compraram armas. Se radicalizaram. Com a pandemia, isso piorou, pois quem se fanatizou no bolsonarismo demonstrou desdém pela vida e descrença em premissas básicas da ciência, da realidade. A dor emocional, a ansiedade e a melancolia aumentaram drasticamente. O que me alegra é que minha filha está para nascer. Essa alegria também divide espaço com sentimentos de medo. Não quero que minha filha nasça em um país tutelado por autoritários.

Evandro Botteon (Campinas, SP)

O desgaste aumenta a cada dia com tanta desfaçatez do governo. Um descaso total com o menos favorecido, e o pior, dizendo-se cristão enquanto incentiva uma violência gratuita. É revoltante! Minha família está cega para tudo isso, como conformar-me? Tem horas que preciso me desligar do noticiário, porque é devastador! Não há remédio, psiquiatra ou psicologo que dê conta da nossa saúde mental. Mas o Eterno não falhará. Só isso me traz esperança.

Claudia Alvarenga (São Paulo, SP)

Impacto das pesquisas eleitorais na saúde mental do eleitor
Resultados das pesquisas eleitorais podem afetar a saúde mental do eleitor - Catarina Pignato

Não consigo aceitar que pessoas próximas, como meu pai, possam apoiar um golpe de Estado mesmo que isso signifique que eu mude de país. Isso me deixa arrasado, pois sinto que as conspirações em que ele acredita tomaram um lugar mais importante que a paz e harmonia social. Para ele e seus amigos, vale tudo para exterminar "a esquerda".

Bruno Camargo (Cotia, SP)

Desenvolvi um quadro de ansiedade generalizada associada a ataques de pânico. Estou inclinado a não trabalhar como mesário, pois nada me tira da cabeça que bolsonaristas invadirão as seções eleitorais e abrirão fogo contra os mesários. Há muito tempo me retirei das redes sociais, que se tornaram verdadeiros campos violentos de disputa política, em que as pessoas se orientam pelo ódio, pela intolerância e pelo desejo de extermínio do outro. Rompi com familiares e conhecidos vinculados ao bolsonarismo. O mais assustador é que os profissionais que me atenderam dizem que meu caso não é isolado. Desde 2018 eles viram seus consultórios serem "invadidos" por pessoas adoecidas pela política.

Verlan Neto (Juiz de Fora, MG)

Não existe a possibilidade do diálogo com o espectro que se apresenta.

José Jurandir da Costa (Niterói, RJ)

Meu isolamento aumentou, bem como a desmotivação para a vida social. Saí de grupos de WhatsApp da família e deixei de participar em outros. Evito algumas pessoas e algumas conversas. Evito os antagonismos e busco contatos e leituras mais profundos e gratificantes. Mudei meus hábitos de leitura diária e minhas fontes de informação.

Milton dos Santos (São Paulo, SP)

dois imãs opostos um ilustrado com a bandeira do brasil e o outro com a bandeira do PT. entre eles, ícones com emoji triste, coronavirus e cifrão.
Charge que ilustrou reportagem "Saúde mental de eleitores tem cicatrizes com polarização, pandemia e cenário econômico" - Silvis

Evito ficar sempre criticando o presidente, pois faz muito mal à saúde. A energia dele é ruim, mordaz, negativa, "te joga pra baixo".

Claudio B Guerra (Belo Horizonte, MG)

Falta respeito, empatia, educação mesmo. Civilidade. Não somos educados para respeitar quem pensa diferentes de nós. Esse quadro piorou muito nos últimos anos, com polarização entre o candidato A e o candidato B. Adoto um comportamento preventivo. Não converso sobre política com qualquer pessoa e nem em qualquer lugar. Evito conflitos e desgastes emocionais desnecessários, inclusive no meu ambiente familiar e no círculo de amigos.

José A Pitico da Silva (Juiz de Fora, MG)

Evitar pessoas e lugares tem sido um refúgio aos antagonismos. A leitura é um grande aliado.

Paulo H M da Silveira (Recife, PE)

Cortei relações com bolsonaristas e "isentos". Já me bastam os da minha família.

Caroline Chang (São Paulo, SP)

Tenho me sentido intranquila, preocupada com uma possível ação do governo para inviabilizar o pleito. Evito conversar sobre política com pessoas sabidamente extremadas. Além disso, ao acompanhar o noticiário, me recuso a ouvir qualquer declaração do presidente. Mudo de estação, canal ou interrompo o que estiver ouvindo.

Tânia Galluzzi (São Paulo, SP)

A política tem me afetado muito, me dá medo e angústia. Até saí das redes sociais. Evito o assunto.

Larissa Almeida Neres (São Paulo, SP)

Sou um homem resolvido e feliz. Amo minha profissão, tenho um bom entendimento do mundo, da história, e para onde estamos indo. Mas o desconforto com membros de minha família me fez questionar o amor intacto que existia entre nós, e percebo uma imensa tristeza desde 2018, algo que nunca experimentei antes. Uma mistura de raiva com tristeza. Combinação bem confusa!

Fabio Porto (Brighton, Inglaterra)

Desde que sou eleitor, nunca vi uma polarização política baseada na violência. Muitos laços familiares e de amizades foram cortados ou calados em virtude da falta de respeito em aceitar a opinião alheia. Gera-se uma crise de ansiedade quando alguém próximo exagera na defesa de sua opinião como se fosse uma verdade absoluta e imutável. Adotei a prática de discutir política apenas com meus pares, justamente para evitar agressões verbais e fomentar o ódio. Assim, preservo minha saúde mental.

Marcelo Rebinski (Curitiba, PR)

A política não me afeta emocionalmente, o que me afeta são os desmandos, as perdas de vidas, de direitos, de liberdade, os ataques a democracia. As relações foram afetadas, pois me nego a compactuar com o desgoverno e tenho familiares e amigos que o apoiam. Me afastei e deletei das minhas redes essas pessoas. O encanto se perdeu.

Odete dos Santos (São Paulo, SP)

Meus pais são ultrabolsonaristas. Tenho vontade de me afastar, mas são meus pais. Se fizesse isso, o ódio realmente teria vencido. Não vou deixar isso acontecer.

Marcelo Moretti Fioroni (São Paulo, SP)

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