Descrição de chapéu Expresso Ilustrada

Podcast discute obras de Carolina de Jesus e tensões com jornalista que a revelou

Com relançamentos da obra da escritora, passagens inéditas de diários alimentam críticas a papel de Audálio Dantas

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São Paulo

A escritora Carolina Maria de Jesus foi um sucesso instantâneo quando foi lançada. Ela era uma mulher negra, mãe e pobre que narrou como era sua vida como moradora de uma favela em “Quarto de Despejo”. Quando seu livro de estreia saiu, em 1960, a tiragem inicial de 10 mil exemplares esgotou em uma semana.

Na lista de livros mais vendidos, "Quarto de Despejo" também passou à frente de "Gabriela, Cravo e Canela", o romance lançado naquela mesma época por Jorge Amado, que já era um autor celebrado.

Mas, um ano depois, Carolina estava descontente. Em janeiro de 1961, ela escreveu nos seus diários: "É que eu percibi que eles queriam expoliar-me! Que sugeira! Eu dou lucro a imprensa. Era para comprar uma casa limpa para mim porque eu não tenho tempo de limpar".

Ela também estava irritada com o jornalista Audálio Dantas, que foi quem convenceu ela a publicar "Quarto de Despejo" após eles se conhecerem anos antes na favela do Canindé, em São Paulo.

Segundo a Carolina, era o jornalista que incentivava a autora a continuar escrevendo os diários pra reunir material para um segundo livro, que se chamaria “Casa de Alvenaria”.

Muitas dessas tensões entre Audálio Dantas e Carolina Maria de Jesus se tornaram públicas ao longo dos anos, algumas delas estão inclusive nas primeiras edições dos livros da escritora que Dantas organizou. Mas as desavenças e as contradições dessa relação estão sendo ainda mais expostas e debatidas com o relançamento de “Casa de Alvenaria” pela Companhia das Letras, com passagens inéditas dos diários da escritora.

O Expresso Ilustrada desta semana relembra a carreira de Carolina Maria de Jesus, que também será protagonista de uma exposição no Instituto Moreira Salles de São Paulo, no contexto desses novos relançamentos e pesquisas sobre a autora. O episódio também analisa essas tensões entre ela e Audálio Dantas que estão sendo debatidas agora.

Para isso, conta com a participação de Tom Farias, jornalista e biógrafo da Carolina, Ricardo Balthazar, repórter especial da Folha, e João Fernandes, diretor artístico do Instituto Moreira Salles.

"Carolina é uma grande escritora brasileira", disse Tom Farias ao Expresso Ilustrada. "Foi chamada de Machado de Assis de saia, Jorge Amado do povo, e Shakespeare de cor. Tem muito peso nisso. Então os romances, os contos, os provérbios, as poesias da Carolina precisam ganhar uma categoria como todos os outros escritores ganham."

Com novos episódios todas as quintas, às 16h, o Expresso Ilustrada, podcast de cultura da Folha, discute música, cinema, literatura, moda, teatro, artes plásticas e televisão. A edição desta semana é de Natália Silva, e o roteiro é de Lucas Brêda e Carolina Moraes, que também apresentam o episódio.​

O feed RSS é https://folhaexpressoilustrada.libsyn.com/rs.

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