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17/11/2011 - 09h31

Buratti afirma que sofreu violência para denunciar Palocci

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GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Pivô da denúncia da "Máfia do Lixo" de Ribeirão, que envolveu o ex-ministro Antonio Palocci (PT) em um suposto esquema de propinas, o advogado Rogério Tadeu Buratti tem nova versão para o caso seis anos depois.

Em entrevista exclusiva ontem à Folha, ele disse ter sido vítima de violência física para denunciar Palocci, em 2005. "Todo aquele cenário montado foi uma grande coação", afirmou, referindo-se à prisão e às imagens de seu depoimento, prestadas na Delegacia Seccional e que vazaram na imprensa na época.

Ex-assessor de Palocci será ouvido pela Justiça de Ribeirão Preto

A Secretaria da Segurança Pública e a Promotoria, que também participou dos depoimentos, negaram que o advogado tenha sofrido violência.

Buratti, que mora hoje na Itália, foi procurado pela reportagem para falar da reabertura do caso da "Máfia do Lixo". Ele preferiu falar por meio do Facebook.

Ontem, o promotor Aroldo Costa Filho disse que Buratti vai ser ouvido pela Justiça de Ribeirão.

Em 2005, a polícia e o Ministério Público gravaram o depoimento do advogado. As imagens não mostraram, porém, nenhuma agressão.

Buratti afirma também ter sido vítima de violência moral, que o atingiu e também à sua família. Segundo ele, sua prisão foi "objeto de utilização política de toda ordem".

Na ocasião, Buratti, então diretor da empresa Leão Ambiental, foi preso suspeito de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro.

Na delegacia, segundo Costa, Buratti declarou que o ex-ministro recebia R$ 50 mil mensais do grupo Leão Leão -do qual fazia parte a Leão Ambiental. O montante, segundo o depoimento, seria repassado para o PT. Depois da denúncia, Palocci caiu.

"Ele disse que iria contar o que sabia porque tinha medo de morrer", afirmou o promotor. Além disso, segundo Costa, em nenhum momento Buratti foi questionado especificamente sobre Palocci.

Dois anos depois, Buratti voltou atrás e registrou em cartório que as informações dadas em 2005 não eram verdadeiras. O advogado, no entanto, nunca deu explicações sobre a versão de 2007. Nem ontem ele quis falar sobre isso.

A suposta "Máfia do Lixo" voltou à tona na semana passada, quando o TJ (Tribunal de Justiça) acatou recurso do Ministério Público e determinou a abertura da ação penal.

'NÃO SOU NADA RICO'

Buratti disse que teve que se mudar para a Itália, onde atua num escritório de advocacia, porque foi "jogado para fora" do mercado de trabalho. "Lamentavelmente não conseguia mais trabalho no Brasil e, ao contrário do que diziam, não sou nada rico", afirmou.

"Preciso trabalhar, viver, pagar minhas contas e educar meus filhos", disse. "Estou lutando muito para reconstruir minha vida."

OUTRO LADO

O promotor Aroldo Costa Filho e a Secretaria de Estado da Segurança Pública negaram que Rogério Buratti tenha sofrido agressão física ou coação durante os depoimentos dados em 2005.

"Ele explicou como ocorriam as fraudes nos contratos [da Leão Leão] e, sem ninguém perguntar nada, disse que o Palocci recebia R$ 50 mil por mês", afirmou o promotor.

Segundo ele, até aquele momento a Promotoria não investigava o ex-ministro e sim somente os contratos supostamente irregulares.

"Conseguimos as provas materiais. Onde está a mentira e a violência?"

O promotor afirmou que foram feitas escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e que não houve delação premiada.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança, não há registro na Corregedoria da Polícia Civil sobre denúncias feitas por Buratti contra o ex-delegado seccional Benedito Antonio Valencise ou qualquer outro policial que participou das investigações e do interrogatório de seis anos atrás.

 

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