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Marcos Valério nega ter ameaçado Lula e afirma que não é dedo-duro
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DE SÃO PAULO
Acusado de operar o esquema do mensalão, o empresário Marcos Valério negou ontem em Belo Horizonte que pretenda fazer revelações sobre o caso, cujo julgamento está marcado para começar no dia 2.
"Eu sou igual ao Delúbio, nunca endureci o dedo para ninguém e não vai ser agora, às vésperas do julgamento", disse Valério ao site "Terra" quando se encaminhava para almoçar em um restaurante da zona sul da cidade.
Valério faz menção ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Depois de ser expulso do partido, Delúbio foi reintegrado em 2011.
Nos bastidores, setores da legenda apontam seu silêncio em todo esse tempo como um dos principais motivos para a reabilitação.
De óculos escuros, calça jeans e blazer, Valério disse ser "ficção científica" o rumor de que estaria ameaçando relatar um encontro secreto que teria mantido com o ex-presidente Lula antes do estouro do escândalo.
"Eu não tenho nenhum confidente em Brasília, principalmente lá, onde não vou há anos. (...) Eu nunca fiz ameaça a ninguém", disse ele, que estava acompanhado do advogado e sócio
Rogério Tolentino, também réu no processo do mensalão.
De acordo com reportagem da revista "Veja" desta semana, as ameaças de Valério levaram o PT a destacar o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh para missão de tentar manter Valério sob controle.
À "Veja" Okamotto confirmou os encontros, mas negou que eles tivessem a ver com chantagem.
Disse apenas que eles conversaram sobre generalidades políticas e que as reuniões se deram porque Valério queria saber "como está a política, [já que estaria] preocupado com algumas coisas".
À Folha, Okamotto falou que o que tinha a dizer sobre o assunto está na revista e, após afirmar não se dar bem com jornalistas, se recusou a continuar a conversa.
Na defesa que entregou ao STF em 2011, Marcos Valério questionou a ausência de Lula entre os réus do processo afirmando que se a acusação do Ministério Público fosse verdadeira o principal beneficiário do esquema deveria ser listado nela.
Valério é apontado pela Procuradoria-Geral da República como chefe do núcleo operacional que desviou recursos públicos para a compra, pelo PT, de apoio político ao governo Lula nos anos de 2003 e 2004.
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