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14/08/2012 - 03h15

Questões de Ordem: Boca enorme

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MARCELO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Finalmente, um advogado de defesa diz que o mensalão existiu. Ontem, no STF, o advogado de Roberto Jefferson fez como o próprio presidente do PTB: defendeu-se atirando.

Primeiro, Luiz Francisco Corrêa Barbosa procurou inocentar Jefferson dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Jefferson recebeu, sim, R$ 4 milhões do PT. Mas os recursos não eram para votar a favor do governo, e sim para gastos do PTB nas eleições municipais de 2004. A forma de recebimento, dinheiro em espécie, está expressamente prevista pela lei eleitoral.

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Como falar em "lavagem de dinheiro", continua o advogado, se o recebedor não tem nenhum indício de que os recursos tiveram origem ilícita? Não esqueçamos, diz ele, que o PT naquela época ainda era uma "vestal"...

Vestal? Cabe lembrar que o próprio Roberto Jefferson não devia estar acreditando muito nisso. Pouco importa. A linha do advogado foi, sem dúvida, explodir todo o processo do mensalão, acusando o acusador.

O Ministério Público usa a tese do "domínio do fato". Acusa José Dirceu por ser o controlador de todo o esquema; a fonte de onde tudo saiu.

Então Lula é "pateta"? "Omisso"? Corrêa Barbosa joga bem com as palavras. Lula é "safo". Safado, entende o espectador. Calma. O advogado acrescenta: "é doutor honoris causa em diversas universidades..." Isto é, "safo" é o contrário de "pateta".

Afinal, Lula não tomou providência depois de Jefferson lhe contar a prática da compra de votos. A defesa, já transformada em acusação, vai além.

Que história é essa dizer que os votos dos parlamentares se destinavam a projetos de interesse "do governo"? Do governo, não. Do chefe do Executivo! Ministros são seus auxiliares.

Quanto ao dinheiro, os empréstimos do Banco Rural e do BMG só vieram para o PT depois de Lula, em decreto de iniciativa sua, ter determinado que esses bancos poderiam operar o sistema de crédito consignado.

Jefferson seria, em suma, a melhor testemunha de acusação deste processo. Por que o Ministério Público não o arrolou como testemunha? Para impedir que, mais uma vez, ele abrisse "sua boca enorme"... A acusação engaveta o que aponta para a responsabilidade de Lula, enquanto o STF será forçado a promover um "festival de absolvições". A culpa disso, conclui Corrêa Barbosa, será da acusação.

"O povo quer sangue", diz o defensor. Resta saber o quanto de catchup ele derramou ontem. Sabe que Lula não será denunciado; e que a "boca enorme" de Jefferson não se fecha quando surgem acusações contra ele. Talvez se feche com sua absolvição.

 

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