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11/12/2012 - 20h24

Advogados de presos políticos prestam depoimento à Comissão da Verdade

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JULIANA DAL PIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Doze advogados que atuaram na defesa de presos políticos durante a ditadura militar fizeram emocionados depoimentos à Comissão Nacional da Verdade, representados por Rosa Cardoso e Cláudio Fonteles, durante uma sessão do grupo nesta terça-feira (11) à tarde, na sede da OAB do Rio.

A advogada Eny Moreira foi às lágrimas ao lembrar duas de suas clientes: Aurora Furtado e Ísis Dias de Oliveira.

Eny disse que se lembra de cada detalhe do dia 10 de novembro de 1972, quando foi anunciada pelos jornais a morte de Aurora Furtado, em tiroteio com militares.

"A família me ligou naquela noite e me pediu para liberar o corpo", contou. Naquele momento, segundo ela, começou sua peregrinação pelo DOI-Codi do Rio e pelo Dops, para saber onde estava o corpo.

Um agente que conhecia seu trabalho a avisou discretamente de que Aurora estava no Instituto Médico Legal. Sem segurar a emoção, Eny chorou ao dizer que disse o corpo de Aurora não tinha tiros.

"Era uma menina. Tinha 26 anos. Ela estava com um olho para fora do corpo e o outro completamente preto. O maxilar afundado. Não tinha mais os bicos dos seios e as unhas. Eu passei a mão no rosto dela, como quem faz um carinho em uma criança. Quando passei a mão, meu dedo afundou. A Aurora tinha um pano branco bem simples cobrindo seu corpo. Então nós colocamos várias flores para que os pais dela não vissem as feridas quando ela chegasse a SP", relembrou a advogada.

Eny lembrou também o caso da desaparecida Isis Dias de Oliveira, sequestrada em 1972. A advogada disse que impetrou um pedido de habeas corpus, mas os órgãos oficiais nunca assumiram a prisão. "Foi a situação mais aflitiva que vivi", contou Eny ao lembrar o desespero dos pais de Isis.

Dirce Drach, outra advogada, recordou os casos de José Roberto Rezende e Alex Polari (militante que viu a tortura de Stuart Jones). Ela contou que uma das piores partes do trabalho era passar muitas vezes o dia inteiro esperando para ver um cliente. Ela contou o trecho de uma conversa que teve com um agente de segurança na sala de espera.

"Disse a ele que Ana Maria Nacinovic Corrêa era minha cliente e que eu também estava procurando por ela. E o agente me respondeu: 'Essa a senhora não se preocupe porque, se encontrarmos, a gente mata'", contou a advogada. Ana Maria morreu metralhada em São Paulo em 1972.

 

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