Cabos eleitorais ignoram Exército e fazem boca-de-urna na Rocinha
A presença do Exército patrulhando a área não vem coibindo a boca-de-urna na favela da Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro. Na área mais movimentada da comunidade, a Via Ápia, centenas de cabos eleitorais vestindo camisetas amarelas distribuem santinhos do candidato Claudinho da Academia (PSDC), que seria o candidato apoiado pelos traficantes locais. Além da propaganda a cerca de 50 metros de um dos locais de votação da região, as mesmas camisetas amarelas são oferecidas aos moradores.
Os homens do Exército limitam-se a ficar nas proximidades dos locais de votação. Mas na principal rua de entrada do morro, cabos eleitorais, além de distribuírem camisetas, orientam os moradores sobre em quais locais terão que votar.
Claudinho da Academia negou ter qualquer relação com a distribuição de camisetas, que mesmo sem ter qualquer mensagem, é proibida por lei. Diversos moradores, no entanto, confirmaram à reportagem da Folha Online que a camiseta amarela é alusiva ao candidato. Quando Claudinho conversava com alguns repórteres, foi abordado por um morador que pedia uma camiseta.
Muitos cabos eleitorais disseram trabalhar de forma voluntária, mas um deles admitiu que estava recebendo R$ 40 para distribuir os santinhos. A cada esquina da entrada da Rocinha, grupos de 3 a 4 pessoas faziam boca-de-urna para Claudinho da Academia, vestidos com camiseta amarela.
Apesar de a coligação de Claudinho apoiar o candidato Marcelo Crivella (PRB), os cabos eleitorais de Claudinho distribuíam também santinhos de Eduardo Paes (PMDB) e de Jandira Feghali (PC do B). "O vereador é o Claudinho, mas o prefeito é de cada um", disse um deles.
O Exército também não vem coibindo a intimidação aos jornalistas que trabalham nas imediações. Um fotógrafo relatou ter sido ameaçado por homens armados, e outro chegou a discutir com um dos cabos eleitorais de camiseta amarela, que tentava impedir que ele fizesse fotos.
Ao mesmo tempo, sempre que a reportagem da Folha Online entrevistava cabos eleitorais, homens se aproximavam, ouviam a conversa e questionavam o que estava sendo feito.
No início da manhã, um cabo eleitoral de Claudinho da Academia foi detido por fiscais do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) por fazer propaganda de boca-de-urna. Quando os fiscais chegaram à Rocinha acompanhados de agentes da Core (Coordenadoria de Operações Especiais da Polícia Civil), vários fogos de artifício foram soltos.
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