Aos 25 anos, MST defende novo conceito de reforma agrária
Após 25 anos de luta pela distribuição de terra, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) reconhece que o conceito clássico de reforma agrária com a simples distribuição de terra está ultrapassado e defende um modelo agrícola de produção com uso racional do solo, da água e de agrotóxicos.
Para Gilmar Mauro, um dos coordenadores nacionais do MST, o tema reforma agrária é "moderníssimo" e "atual", mas não com a proposta de apenas distribuir terra para produção. O que vale agora é discutir a produção de alimentos saudáveis sem agredir o ambiente.
"O próprio MST mudou o conceito de reforma agrária. Antes era uma medida distributiva de terra e produtivista para resolver os resquícios feudais que poderiam existir. [...] De fato, não cabe mais uma reforma agrária ao estilo clássico. [...] Hoje uma reforma agrária continua com o objetivo de desconcentrar e distribuir a terra. Não há reforma agrária sem isso. Agora a reforma agrária ganhou um conteúdo novo que é propor um novo modelo de produção agrícola de alimentos saudáveis e de matéria prima sem agredir o ambiente", disse Mauro.
Segundo o líder sem-terra, o MST não é o mesmo de 25 anos atrás, quando se organizou, porque defende hoje não só a luta pela distribuição de terra mas também pelo acesso à tecnologia na produção agrícola, infraestrutura nos assentamentos e defesa do ambiente.
Na avaliação de Mauro, apesar de o MST não ter conseguido realizar "de fato" uma reforma agrária no Brasil, conseguiu assentar milhares de família que possuem moradia e produzem alimentos.
"E eu acho que esses 25 anos, apesar de não termos conseguidos realizar de fato uma reforma agrária no Brasil, as conquistas dão a dimensão da riqueza da importância da existência deste movimento", disse.
Além de defender a reforma agrária, o MST luta hoje por um modelo de produção agrária que respeite o ambiente que não esteja vinculado uma política mercantil para produzir alimentos "a qualquer custo", com agrotóxicos que agridam o ambiente. O movimento também defende a diversidade da produção e é contra a monocultura de soja, eucalipto e cana, por exemplo.
Ocupações
Gilmar Mauro também avaliou as diversas ocupações feitas pelo MST ao longo de seus 25 anos de existência. Segundo o líder sem-terra, as invasões de fazendas supostamente improdutivas é uma forma de chamar atenção da sociedade e pressionar o governo para desapropriar áreas. "É o nosso jeito de fazer greve", disse.
Mauro admitiu que as ocupações geram conflitos e violência e classificou como "legítimo" o fato de o movimento ser criticado por suas ações. "O conflito tem por objetivo chamar a atenção do governo. Nós não gostamos de fazer e não achamos bonito mas é a única forma. Sempre recebemos críticas", afirmou.
"Todo mundo tem direito de criticar e nós temos o direito de continuar lutando por uma bandeira que no nosso modo de ver é justa e hoje, moderníssima", disse.
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