Sarney nega que neto tenha sido contratado por ato secreto do Senado
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), negou nesta quarta-feira que a nomeação de seu neto, João Fernando Michels Sarney, para integrar o quadro de servidores da Casa tenha ocorrido por meio de um boletim administrativo secreto. Sarney prometeu acabar com as nomeações em boletins suplementares.
O presidente do Senado chegou hoje à Casa com a cópia de um boletim administrativo para afirmar que a contratação de seu neto ocorreu dentro da legalidade. O documento não foi repassado para os jornalistas.
"O que posso dizer é que os jornais hoje estão trabalhando sob uma informação totalmente inexata, que teria sido nomeado um neto meu num boletim secreto. Está aqui o boletim do dia 1º de fevereiro de 2007, publicado aqui no Senado. Isso aqui mostra perfeitamente que está sendo trabalhada uma informação totalmente inexata no que diz respeito ao nome desse rapaz", disse.
Segundo reportagem publicada hoje pelo jornal "O Estado de S. Paulo", um levantamento de técnicos da Casa mostra que 300 atos administrativos secretos --entre eles o do neto de Sarney-- foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários.
Aparecem as nomeações da ex-mulher do deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) na Advocacia-Geral e da ex-presidente da Câmara Municipal de Murici, cidade cujo prefeito é filho do hoje líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
Sarney afirmou que todos esses atos estão em "boletins suplementares" --que são publicados com um intervalo de tempo após a exoneração e contratação-- e prometeu acabar com este sistema. "Agora o que posso dizer é que nós mandamos publicar todos os boletins que não foram publicados ao longo do tempo durante a minha administração. Primeiro, isto aqui mostra transparência total. Ninguém queria esconder nada, estava lá, estava publicada a nomeação, não havia porque esconder e todas essas publicações que tem sido feitas tem sido autorizadas por nós", afirmou.
O presidente do Senado disse ainda que não fez nenhuma pressão para que seu neto fosse contratado para trabalhar no gabinete do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), seu aliado político.
De acordo com a reportagem, João Fernando, que ainda não tem curso superior, esteve lotado até 3 de outubro do ano passado e recebia um salário de R$ 7.600. Ele foi exoneado após o STF (Supremo Tribunal Federal) editar a súmula vinculante que proíbe o nepotismo nos três Poderes.
"A nomeação do João Fernando foi feita quando o senador Cafeteira assumiu e constituiu seu gabinete. Pela nossa lei regimental ele tem a prerrogativa de convidar quem quiser. Foi ele quem escolheu, foi ele quem nomeou e o que eu posso afirmar é que eu não pedi a ele a nomeação do meu neto para participar do seu gabinete, vocês podem junto a ele perguntar se é verdade ou não", disse.
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