Acusados de matar por audiência na TV começam a ser julgados
O 1º Tribunal do Júri de Manaus começou a julgar nesta quinta-feira (28) três homens acusados de integrarem uma quadrilha que cometia homicídios sob encomenda para aumentar a audiência de um programa de TV.
Os réus eram supostamente ligados ao ex-deputado Wallace Souza, que morreu em 2010, e era acusado de encomendar mortes para exibir os casos de violência em seu programa de televisão, chamado "Canal Livre". Um dos réus é Raphael Souza, 30, filho do ex-deputado.
O caso ganhou repercussão internacional em 2009 depois que as investigações comprovaram que imagens das vítimas eram mostradas no programa para aumentar a audiência.
Wallace Souza, irmão do deputado federal Carlos Souza (PSD), morreu em decorrência de uma doença do fígado. Na ocasião, ele estava internado em um hospital de São Paulo sob custódia da Polícia Federal.
O ex-deputado também era acusado de encomendar um plano para matar a juíza federal do Amazonas, Jaiza Fraxe, além de participação em crimes como formação de quadrilha e associação para o tráfico, mas ele não chegou a ser julgado.
No julgamento, que acontece nesta quinta no Fórum Henoch Reis, em Manaus, os réus Raphael Souza, Moacir Jorge Pessoa da Costa, o "Moa", e Mário Rubens Nunes da Silva são acusados de matar Cleomir Pereira Bernardino, em 2007.
A morte de Bernardino foi um dos casos que virou atração no extinto programa "Canal Livre". Raphael Souza foi apontado por "Moa" como o autor dos disparos.
Segundo a assessoria do 1º Tribunal do Júri, o julgamento é presidido pela juíza Eline Rangel do Amaral Pinto. Doze testemunhas serão ouvidas. Não há previsão de horário para a divulgação da sentença.
Raphael Souza cumpre prisão desde 2009 em uma penitenciária de segurança máxima de Manaus.
Ele já foi condenado a cinco anos pela Justiça Federal por coação de testemunha e fraude processual, na trama articulada para matar a juíza federal. É também condenado a 11 anos por tráfico de drogas e porte ilegal de arma.
A reportagem não localizou os advogados de defesa de Raphael Souza, Moacir Costa e Mário Silva.
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