Presidente da Alstom diz que empresa não pagou propina em cartel de trens
O presidente da Alstom no Brasil, Marcos Costa, disse nesta quinta-feira (28) que a empresa não pagou propina para obter contratos com o governo paulista.
Costa afirmou que as consultorias contratadas pela Alstom prestaram serviços à empresa e que receberam em função deles. "Contratamos consultores reconhecidos no mercado, que prestaram serviços e receberam em função deles", defendeu.
A multinacional francesa Alstom é uma das empresas investigadas pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) no procedimento aberto após a Siemens delatar a existência de cartel em licitações do Metrô e da CPTM.
De acordo com as investigações, a Alstom é suspeita de recorrer a lobistas e pagar propina a funcionários públicos para obter contratos nas áreas de energia e transporte. Esse pagamento era intermediado por empresas de consultorias contratados pela multinacional francesa.
A declaração foi dada para o presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Transporte Público da Câmara Municipal de São Paulo, Paulo Fiorilo (PT). Além de Costa, o diretor financeiro da Alstom, Marco Aurélio Machado, e o diretor geral do setor de Transporte, Marco Contin, também foram inquiridos pelos vereadores Eduardo Tuma (PSDB), Milton Leite (DEM) e Edir Sales (PSD) sobre os contratos e as relações entre os executivos com o governo.
A CPI foi criada após os protestos contra o reajuste do preço da tarifa de ônibus e do Metrô, mas acabou incluindo nas apurações as denúncias de cartel nos contratos metroferroviários nos governos de São Paulo e do Distrito Federal.
Victor Moriyama-19.dez.2012/Folhapress | ||
Marcos Costa, presidente da Alstom Brasil, foi convocado para depor na CPI dos Transportes, da Câmara Municipal de São Paulo |
Como a Folha revelou em julho, as investigações sobre o cartel dos trens tiveram início por causa de um acordo feito pela Siemens com o Cade. Costa também respondeu as denúncias de formação de cartel, trazidas à público pela empresa Siemens, que já depôs na CPI. "Os indícios que a Siemens vê de formação de cartel nós não vemos", afirmou.
Costa argumentou que as acusações de que haveria acerto entre as empresas para dividirem os contratos do Metrô e CPTM não ocorre. Ele confirmou que Alstom subcontrata outras empresas do setor, como a Bombardier, a Mitsui e a Temoinsa, mas disse que esses procedimentos são comuns no setor.
"Algumas concorreram à licitação com outros consórcios, mas perderam no valor total. É normal tentar venderem o produto que fabricam para o grupo vencedor da licitação", ponderou.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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