Para 73%, protestos geram mais prejuízos do que benefícios
Com a greve de motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo, o humor dos paulistanos em relação aos protestos em geral parece ter entrado em acelerada mutação.
De cada 10 moradores da cidade, 7 afirmam que os protestos geram mais prejuízos que benefícios. Seja para eles mesmos (69%), seja para o conjunto da sociedade (73%).
São números altos. Em levantamentos anteriores, essas avaliações críticas nunca haviam predominado. Apesar disso, ainda há uma estreita maioria, 52%, que apoia as manifestações.
Os dados são da pesquisa Datafolha realizada na terça (20) na cidade, no primeiro dia da greve de ônibus que tumultuou todo o sistema de transporte no município. Conforme a amostra, esses resultados são comparáveis com os de duas pesquisas de 2013. Uma feita em junho, logo após a explosão da enorme onda de manifestações pelo país, outra em setembro.
Nas duas ocasiões anteriores, o apoio dos paulistanos aos protestos era bem maior. Em junho, 89% aprovavam. Em setembro, 74%. Há, porém, diferenças entre os protestos de junho e o que começou na terça (20).
No ano passado, milhares de pessoas de diferentes origens iam para as ruas com um leque diversificado de interesses: redução das tarifas do transporte, fim da violência policial, melhoria da educação e da saúde e combate à corrupção, entre outros.
Os atos de 2013 começaram sob a coordenação do Movimento Passe Livre, mas aos poucos, conforme cresciam, essa liderança ia se diluindo. A cidade parava por causa das enormes passeatas.
Agora, o protesto foi feito por um grupo específico: empregados de empresas de ônibus. O interesse declarado –frustração com um reajuste de 10% do salário– diz respeito só à categoria. E a liderança do movimento, pelo menos até agora, é clandestina, já que a diretoria do sindicato não tem relação com a greve.
Outra diferença: o que faz a cidade parar não são as pessoas na rua, mas os ônibus estacionados de forma a bloquear algumas vias.
COPA
O Datafolha também investigou temas relacionados à realização da Copa do Mundo no Brasil neste ano. O dado que mais chama a atenção é o alto percentual de paulistanos que acreditam haver corrupção na organização do evento, 90%.
Os paulistanos estão divididos em relação à conveniência de fazer a Copa no Brasil: 45% são a favor; 43%, contra. Como a margem de erro é de quatro pontos (foram ouvidas 819 pessoas), trata-se de um empate técnico.
Já a condição do país para sediar o evento é menos controversa. Para 76%, o Brasil não está preparado para sediá-lo. E, para 66%, o torneio irá trazer mais prejuízos que benefícios para o país. Quando o assunto é a possibilidade de protestos durante o Mundial, porém, muitos mudam de lado. Nesse caso, 63% afirmam ser contra as manifestações.
Um alívio para as autoridades apavoradas com essa hipótese? Nem tanto. Para 76%, os protestos contra a Copa irão aumentar até lá.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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