Turbina operava bem quando jato caiu, diz perícia de fabricante
Uma perícia apontou que as duas turbinas do jato Cessna Citation estavam em perfeitas condições no momento em que a aeronave caiu, no dia 13 deste mês, em Santos.
No acidente, morreram o presidenciável Eduardo Campos, quatro assessores dele e os dois pilotos do avião.
Em um teste na oficina da Pratt & Whitney na terça e na quarta-feira, a fabricante do motor, constatou-se que não havia sinais de pássaros nas turbinas ou de colisão com qualquer equipamento.
Essas possibilidades chegaram a ser investigadas para apurar as razões pelas quais o avião caiu.
A presença de pássaros nas turbinas, por exemplo, faria o motor perder potência; ainda assim, seria preciso que aves atingissem as duas turbinas para colocar o avião em risco real de queda.
Aconteceu com um Airbus A320 da US Airways atingido por pássaros logo depois de decolar de La Guardia (Nova York), em 15 de janeiro de 2009. Sem potência nos dois motores, o avião pousou no rio Hudson, graças à perícia do piloto, e ninguém se feriu.
Outra constatação dos peritos foi que não havia sinal de fogo nos motores. No dia do acidente, testemunhas disseram ter visto uma "bola de fogo" no ar.
HIPÓTESES
Com isso, os investigadores concentram a atenção no histórico dos dois pilotos e em alguma falha que eventualmente tenham cometido.
Entre as hipóteses para o acidente está a desorientação espacial, quando o piloto perde a noção da posição do avião em relação ao solo e dá comandos errados, o que pode ter levado o avião à condição de "estol", em que perde a sustentação que lhe permite continuar voando.
O mau tempo contribui para a ocorrência de desorientação espacial –chovia e estava nublado na hora do acidente, ocasião em que o piloto tentara pousar na pista da Base Aérea de Santos e, sem conseguir, arremeteu.
Há outros componentes do avião que podem ter apresentado problema e contribuído para a queda. A Aeronáutica apura as possibilidades.
A Cessna alerta os pilotos de que não acionem o flap (dispositivo nas asas que, ativo, aumenta a sustentação do avião) em alta velocidade, sob risco de o avião apontar o nariz para baixo. A fabricante criou um protetor para evitar que isso ocorra, mas, mesmo assim, orienta os pilotos, de modo a não depender dessa proteção.
A Aeronáutica apura por que houve a queda. Não há prazo para a conclusão sair.
Edson Silva - 29.mai.2014/Folhapress | ||
Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no avião Cessna que caiu no último dia 13 |
ACIDENTE
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu no dia 13 de agosto em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial. A Aeronáutica investiga a queda.
Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente foram para a unidade do IML (Instituto Médico Legal) em São Paulo. Na noite de sábado (16), o corpo de Campos chegou ao Recife. Os filhos dele carregaram o caixão usando camisetas com a frase "Não vamos desistir do Brasil", dita pelo candidato na TV.
Cerca de 130 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, acompanharam no domingo (17) o cortejo com o corpo de Eduardo Campos no Recife, após o velório no Palácio do Campos das Princesas. O ex-governador foi enterrado sob gritos de "Eduardo, guerreiro do povo brasileiro", aplausos e fogos de artifício. No velório, Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula receberam vaias da multidão, depois abafadas por aplausos. O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) também participou da cerimônia.
Marina Silva ficou ao lado de Renata Campos, viúva do candidato, durante o velório e o enterro. No cemitério, a ex-senadora foi seguida por pessoas que gritavam seu nome e tentavam tocá-la. Os corpos das outras vítimas do acidente foram enterrados em Recife, Aracaju, Maringá (PR) e Governador Valadares (MG).
Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.
Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. "Não estava no script", disse Renata.
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