Parentes visitam local de tortura de soldados
Parentes de quatro soldados que foram torturados e mortos no antigo Batalhão de Infantaria Blindada do Exército, em Barra Mansa, interior do Rio, visitaram, nesta terça-feira (7), o local durante uma diligência organizada pela Comissão da Verdade do Rio, em parceria com a Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Municipal de Volta Redonda.
Foi no antigo batalhão –em cujo terreno hoje funcionam um circo, o comando da Guarda Municipal local e uma secretaria do município– que quatro soldados foram presos, torturados e mortos em 1972. Segundo a comissão, o local serviu como centro de tortura e detenções de 1964 a 1973 e foi de onde se estruturou a repressão militar na região sul fluminense.
Os soldados Wanderlei de Oliveira, Juarez Monção Virote, Roberto Vicente da Silva e Geomar Ribeiro da Silva foram presos e torturados em janeiro de 1972, após terem sido acusados de usar e traficar maconha nas dependências militares. Segundo nota da comissão do Rio, o Inquérito Policial Militar (IPM) sobre o suposto uso e venda da droga acabou arquivado.
De acordo com a comissão, no processo que julgou a conduta dos militares que promoveram a tortura, oito militares, além de dois policiais civis do antigo Estado da Guanabara, foram condenados por seviciar até a morte os quatro soldados.
"As Forças Armadas continuam negando que houve desvio de finalidade nas instalações militares, sendo que, nesse episódio de 15 soldados presos e torturados, a Justiça Militar acabou condenando os responsáveis pela tortura e morte dentro do batalhão. Foi o único caso em que isso ocorreu durante a ditadura e, por isso, não podemos nos conformar com as declarações dadas pelas instituições militares", disse em nota Nadine Borges, presidente da Comissão da Verdade do Rio.
O pai de Juarez Monção Virote, Pedro Virote, 88, acompanhou a diligência. Segundo ele, seu filho, depois de morto, foi esquartejado pelas forças do Estado. A ação teria sido uma represália à insatisfação demonstrada pelo soldado com o que acontecia dentro do batalhão.
"Meu filho foi cortado em pedaços como se fosse um alimento qualquer", disse ele à comissão, que reproduziu sua fala em nota à imprensa.
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