Nome de político que atirou em rival vai batizar um dos prédios do Senado
O ex-senador Ronaldo Cunha Lima (1936-2012), que em 1993 atirou duas vezes à queima-roupa em um adversário político, será homenageado dando seu nome a um dos prédios do Senado Federal.
A decisão foi confirmada no último dia 7 pela comissão diretora da Casa e um busto em bronze do ex-senador já está sendo esculpido.
O nome de Cunha Lima irá batizar o edifício do Interlegis, órgão do Senado que tem o objetivo de desenvolver projetos para modernizar o Legislativo em todo o país.
A assessoria da Casa informou que ainda não há data prevista para a cerimônia de nomeação do prédio e inauguração do busto.
Ronaldo Cunha Lima era governador da Paraíba pelo PMDB quando tentou assassinar seu antecessor, Tarcísio de Miranda Burity, do antigo PFL (hoje DEM). O episódio ocorreu dentro do restaurante Gulliver, em João Pessoa, em 5 de novembro de 1993.
Leonardo Silva/Jornal da Paraíba | ||
Ronaldo Cunha Lima, morto em 2012, em imagem de 2011 |
Os tiros atingiram a boca e o tórax de Buriti, que sobreviveu ao atentado. Ele morreu 10 anos depois, de problemas cardíacos.
Segundo testemunhas, Cunha Lima entrou no restaurante, bateu nas costas de Burity e, antes de atirar, disse: "É você mesmo que eu quero pegar". Ele chegou a ser preso na noite do crime, mas foi liberado em seguida.
O motivo do ataque teriam sido acusações de corrupção feitas no dia anterior por Burity contra o filho de Ronaldo Cunha Lima, Cássio Cunha Lima, que à época era superintendente da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
Cássio seguiu o caminho do pai e hoje é senador pelo PSDB. Ele disputa o segundo turno das eleições para o governo da Paraíba contra Ricardo Coutinho (PSB).
Ronaldo Cunha Lima morreu sem nunca ter sido julgado pela tentativa de homicídio, graças a manobras protelatórias de seus advogados e à lentidão da Justiça.
RENÚNCIA
Em 2007, 14 anos após o crime, o STF (Supremo Tribunal Federal) colocou seu julgamento em pauta.
Uma semana antes do caso ser analisado, Ronaldo Cunha Lima, então deputado federal, renunciou ao mandato e seu processo retornou à Justiça da Paraíba.
O ex-ministro Joaquim Barbosa, que relatava o caso no STF, classificou a manobra como "escárnio".
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