Após sindicâncias, Petrobras demite executivos da área de engenharia
A Petrobras está exonerando gerentes apontados pelas investigações internas como suspeitos de envolvimentos em irregularidades em projetos das áreas de Engenharia e Abastecimento.
As áreas são responsáveis pelas contratações relacionadas às obras das refinarias e Abreu e Lima e Comperj, que têm sido alvos das denúncias de superfaturamento e corrupção.
A Folha apurou que um dos afastados de suas funções é Glauco Colepicolo, gerente geral da Engenharia. Ele estava ocupando a chefia de fiscalização da obra de Abreu e Lima, responsável por acompanhar a evolução da obra, autorizar pagamentos e avaliar os pedidos de aditivos.
Outro é Francisco Pais, que foi gerente executivo de abastecimento, na época em que Costa era diretor de Abastecimento, e até semana passada era gerente geral de tecnologia do Centro de Pesquisa da Petrobras. A reportagem não conseguiu contato com ambos.
Enquanto são afastados, os casos são analisados por uma comissão que avalia quais punições serão aplicadas, se houver, podendo chegar à demissão. Enquanto isso, os funcionários permanecem na empresa, mas sem cargo de confiança.
O cargo de gerente geral encontra-se dois níveis abaixo do diretor. Tem salário mensal entre R$ 50 e R$ 60 mil. Com a perda do posto, os salários vão caindo ao longo do tempo até atingir o nível inicial da categoria, que é de R$ 15 mi
Os afastados são ou foram de áreas ligadas aos dois ex-diretores da empresa que estão sendo acusados pelo Ministério Público de receberem propinas de empreiteiras contratadas pela estatal –Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Engenharia).
Costa decidiu fazer uma delação premiada e admitiu cobrar 1% a 3% do valor dos contratos em propina. Duque nega as acusações e está preso temporariamente.
Funcionários da estatal afirmam sob condição de anonimato que alguns colegas, exonerados das gerências da Diretoria de Engenharia, são ligados a Duque e ao ex-gerente executivo do setor, Pedro Barusco.
Barusco também aceitou fazer delação premiada e vai devolver US$ 97 milhões cobrados em propinas e depositados no exterior.
A Petrobras confirmou que "vem promovendo mudanças em seu quadro gerencial em função dos resultados de comissões internas de apuração que apontaram o não cumprimento de procedimentos normativos internos".
A estatal não informou os nomes dos afastados.
A empresa disse que "não houve demissões", já que "não há evidências de dolo, má fé ou recebimento de benefícios por parte dos empregados citados". E lembra que "as funções gerenciais não são permanentes".
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