Morte de embaixador na ditadura pode ser investigada
Uma iniciativa conjunta da advogada Lygia Maria Jobim, 64, e do Instituto João Goulart, pede ao Ministério Público Federal a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do embaixador José Jobim na ditadura militar (1964-1985). A informação foi noticiada nesta terça-feira (25) pelo jornal "O Globo".
O embaixador, pai de Lygia, foi encontrado preso a uma corda na Barra da Tijuca, em março de 1979. A primeira investigação policial da época determinou que Jobim se suicidara. A Promotoria encontrou inconsistências na investigação e determinou novas diligências: dois anos depois, o caso foi arquivado meramente como homicídio por autor desconhecido.
Para Lygia, o pai dela foi assassinado como queima de arquivo, já que ocupara postos importantes e fora enviado ao Paraguai no governo do presidente João Goulart (1961-1964) para negociar o projeto para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu (PR).
Semanas antes da morte do embaixador, ele comentara, durante a posse do presidente João Figueiredo (1979-1985), que escreveria um livro a partir de documentos que ele reuniu sobre corrupção na construção de Itaipu.
Após o golpe de 1964, o projeto da usina foi alterado. As turbinas, que nos planos de Jango viriam da União Soviética, foram compradas de uma empresa alemã. O custo da obra teria se multiplicado. Era essa a história que Jobim iria contar em seu livro.
O ex-embaixador sumiu depois de deixar sua casa no bairro do Cosme Velho dirigindo seu carro em 22 de março. O carro foi localizado numa ribanceira horas depois. Ele foi achado enforcado sob um árvore no dia 24.
Lygia afirma que sua família não quer indenização: "Não sei se foram empreiteiros, ou se foi o SNI. O que eu posso afirmar é que quem matou meu pai foi Itaipu".
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