Operação tenta atingir Dilma e Lula, dizem governistas
Integrantes do Palácio do Planalto e do PT avaliam as revelações da delação premiada de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, como parte de um "roteiro'' dos investigadores da Operação Lava Jato para envolver Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo da Petrobras.
Na avaliação de um ministro, a afirmação de Mendonça Neto de que propina no esquema foi paga "em doações oficiais ao PT" reforça o temor de que a próxima linha de investigação da operação seja as contas de campanha de Dilma em 2010.
A preocupação de petistas é que o próximo alvo seja João Vaccari Neto, tesoureiro do PT desde 2010, citado como operador'' de desvios na estatal pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. Vaccari nega.
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
Dilma em evento com catadores de materiais recicláveis e moradores de rua, em São Paulo |
O Palácio do Planalto informou por meio da assessoria de imprensa que "doações de campanha são da alçada do Partido dos Trabalhadores''.
Em nota, a secretaria de Finanças do PT disse que só recebe doações de acordo com a legislação eleitoral e que os recibos foram declarados na prestação de contas.
Nos bastidores, o governo argumenta que, como as doações citadas pelo delator foram feitas ao PT, e não diretamente à campanha de Dilma, não há como comprovar que ela tenha sido beneficiada. Em 2010, a campanha da presidente recebeu R$ 21,2 milhões do diretório do PT.
O depoimento do executivo foi liberado pelo juiz Sergio Moro a pedido da defesa. Para assessores palacianos, Moro agilizou a liberação em reação'' à decisão do ministro Teori Zavascki de liberar da prisão o também ex-diretor da estatal Renato Duque.
Dirigentes petistas preveem dificuldade para o juiz provar crime na propina legal, oficializada''.
Para um auxiliar de Dilma, a questão é como dizer que algumas doações são legais; outras, não.
Um alvo das investigações da PF disse que, para atingir o PT, será preciso criminalizar todas as doações legais: "Doação para o PT é corrupção, e para o PSDB é de fundo de caridade?'', ironizou.
Interlocutores da presidente reconhecem que, politicamente, a situação traz mais um desgaste para o governo, que se prepara para a exploração do fato pela oposição.
A expectativa é que o depoimento de Mendonça Neto seja usado como "combustível" para a defesa do impeachment de Dilma. Nesta quarta, líderes da oposição afirmaram que a permanência da presidente no comando do país está sob "suspeita".
Derrotado por Dilma na disputa pela Presidência em outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que o governo se tornará "ilegítimo" se as denúncias forem comprovadas pela Justiça.
"Se comprovadas essas denúncias, estamos frente a um governo ilegítimo", afirmou.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, minimizou o impacto dos depoimentos. "As contas da presidenta, me parecem, estão bem distantes de qualquer denúncia que envolva situação de corrupção."
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