Planilha indica novos pagamentos de R$ 21 mi da Odebrecht a Santana
No pedido de prisão preventiva apresentado nesta quinta-feira (3) contra o publicitário João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, a Polícia Federal afirma que encontrou indícios de novos repasses, que somam R$ 21,5 milhões, da Odebrecht para o marqueteiro das campanhas presidenciais do PT.
Os dados estão em uma planilha encontrada com a funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares com o título "Lançamentos X Saldo (Paulistinha)", na qual constam diversos pagamentos para ao codinome "Feira" - atribuído pelos investigadores a Santana e à mulher.
A planilha abrange o período de 30 de outubro de 2014 a 01 de julho 2015, indicando a realização de pagamentos para beneficiários indicados apenas por codinomes, que, segundo a PF, indicam obra ou pessoa.
Foram, segundo a PF, 41 pagamentos a "Feira", com valores entre R$ 500 mil e 1 milhão. Os repasses, segundo a planilha, começaram em 30 de outubro de 2014 e se estenderam até 22 de maio do ano seguinte.
Ao lado da coluna de valores, aparecem também nomes de comidas, frutas e esportes –o que a PF afirma ser algum tipo de senha ou referência.
Um outro documento encontrado junto com Maria Lúcia Tavares já havia indicado pagamentos a "Feira" de R$ 4 milhões –repasses da Odebrecht ao marqueteiro– em 2014.
Maria Lúcia Tavares é descrita pela PF como a responsável pela contabilidade clandestina da companhia. A pedido da PF, Ela foi libertada na quarta (2) pelo juiz Sergio Moro, que considerou que ela não oferecia mais risco para a instrução da investigação.
A nova planilha, na interpretação da PF, complica a versão dos marqueteiros de terem recebido recursos da Odebrecht, apenas numa conta na Suíça por remuneração a campanhas eleitorais feitas no exterior.
"Percebe-se que a versão apresentada por Monica Moura e João Santana em sede policial já não se sustenta diante dos indícios ora expostos. Primeiro, porque exsurgem indícios de que o casal recebeu da Odebrecht recursos no Brasil, o que foi veementemente negado por eles", afirma trecho do pedido de prisão preventiva assinado pelos delegados Márcio Anselmo e Renata Rodrigues.
"Não haveria qualquer sentido em receber da Odebrecht valores no Brasil por conta de um suposto pagamento não oficial concernente a serviços prestados à campanhas eleitorais de Angola e Venezuela", escrevem.
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