Dilma diz que lutará em todas as trincheiras contra o impeachment
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (20) que lutará "em todas as trincheiras" possíveis para impedir o impeachment de seu mandato no Senado Federal.
Em entrevista a blogs de esquerda, que teve trechos disponibilizados pelo governo federal, a petista chamou o impeachment de "eleição indireta transvestida", disse que tem sido "condenada injustamente" e acusou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de ter conduzido o processo com "desvio de poder".
"Lutarei em todas as trincheiras que eu puder para derrotar esse golpe, onde for necessário eu vou", disse. "Uma coisa é respeitar, outra coisa é saber que o rito foi inteiramente permeado de cerceamento à defesa e desvio de poder por parte de quem o conduzia", disse.
Na última segunda-feira (18), a presidente sinalizou que, caso sofra uma derrota no Senado Federal, a AGU (Advocacia-Geral da União) poderá questionar o mérito do pedido de impeachment junto ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Em nota, nesta quarta-feira (20), o chefe de Gabinete da Presidência da República, Jaques Wagner, afirmou que a presidente é uma mulher "honesta" e que não cometeu nenhum crime.
Segundo ele, o processo de impeachment é um "golpe dissimulado" e é "artificial" e "falso".
O ministro também disse que a presidente vai a Nova York nesta quinta-feira (21) para falar sobre o Acordo de Paris, mas que não deixará de se manifestar sobre o impeachment quando perguntada.
"Ela será perguntada sobre o momento político atual e não poderá deixar de manifestar sua indignação com o golpe que se está construindo no Brasil", disse.
Em estratégia para obter apoio internacional contra o impeachment, a presidente Dilma Rousseff pretende reforçar nos Estados Unidos a tese de que o pedido de afastamento dela do cargo é um "golpe de Estado".
Segundo assessores, durante sua passagem por Nova York, onde chega nesta quinta-feira (21) à noite, a presidente não deixará de "denunciar" que a abertura do processo de impeachment contra ela foi aprovado sem haver um crime de responsabilidade caracterizado.
A presidente até pode incluir referências sobre o caso no discurso que fará na cerimônia de assinatura do Acordo de Paris, na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), mas não será o tema central.
Um assessor presidencial disse à Folha que ela não fará um "discurso panfletário" na ONU, focando sua fala no tema da mudança climática, mas deve fazer citações "elegantes" e "sutis" a respeito do processo de impedimento que tramita contra ela no Congresso Nacional.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade