Deputados tucanos miram prefeituras do PT em CPI da Merenda
Adriano Vizoni - 5.out.11/Folhapress | ||
O deputado estadual Orlando Morando, líder do PSDB na Assembleia, em entrevista coletiva |
Deputados da base do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo, que são ampla maioria na CPI da Merenda, querem que a comissão investigue prefeituras do PT que firmaram contratos com a Coaf, cooperativa suspeita de fraudar licitações e pagar propina a políticos.
O principal alvo será o prefeito Luiz Marinho, de São Bernardo do Campo (Grande SP), ex-ministro nos governos do presidente Lula. Já há um requerimento para que ele seja convocado a depor.
São Bernardo é uma das mais de 20 cidades investigadas na Operação Alba Branca, da Polícia Civil e do Ministério Público, que descobriu o suposto esquema responsável por desviar recursos de contratos com prefeituras e com o governo Alckmin.
Na prática, a estratégia dos deputados da base terá dois efeitos imediatos: tirar o foco do governo estadual e do presidente da Assembleia, Fernando Capez (PSDB), investigado na Alba Branca, e desgastar gestões do PT, principalmente em ano eleitoral.
Por outro lado, houve prefeituras que fizeram alguns dos maiores contratos com a cooperativa suspeita —no caso de São Bernardo, de mais de R$ 4 milhões, valor inferior apenas aos dos dois contratos com a Secretaria Estadual da Educação, que somaram R$ 11,4 milhões para entrega de suco de laranja.
"Querem criar uma cortina de fumaça para proteger o governo do Estado", criticou o deputado Alencar Santana Braga (PT), o único oposicionista na CPI. Os outros oito integrantes são da base.
"Acho que eles [petistas] queriam proteção para as prefeituras. Quando eles reclamaram de incluir as prefeituras [na apuração] foi pelo medo de as prefeituras do PT estarem envolvidas", rebateu Orlando Morando (PSDB), suplente na comissão.
A CPI, instalada na última quarta (22), foi aprovada em maio após estudantes ocuparem o plenário da Assembleia. A proposta de CPI costurada pelos deputados governistas, que foi a que vingou, incluiu os municípios no escopo da investigação.
SÃO BERNARDO
Morando já apresentou requerimento para convocar o prefeito Marinho para depor. "É muita coincidência a prefeitura ter feito um contrato desse porte no governo do PT, no período em que a secretária era a Cleusa, principalmente ela que tem vários indícios de falta de probidade como secretária", justificou.
O tucano refere-se a Cleusa Repulho, que deixou a Secretaria de Educação de São Bernardo no ano passado em meio a apurações do Ministério Público sobre compra de materiais escolares.
Morando é pré-candidato à Prefeitura de São Bernardo e deve disputar contra o petista Tarcisio Secoli, apoiado por Marinho, que conclui neste ano seu segundo mandato.
"Ele [Morando] quer fazer disputa eleitoral na CPI, não quer fazer investigação", disse Braga. "Nosso entendimento é que nós estamos ali para investigar a Secretaria Estadual da Educação. Nossa competência não é investigar município. Isso compete às Câmaras [municipais]."
A assessoria de Marinho afirmou que não houve irregularidades nos contratos entre a prefeitura e a Coaf. Segundo Braga, São Bernardo do Campo pagou à Coaf cerca de R$ 0,75 por cada caixinha de suco de 200 ml, enquanto o governo do Estado pagou R$ 1,43.
A Corregedoria do Estado apurou o caso e afirmou, em março, que não detectou prejuízos aos cofres públicos.
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