Acrônimo investiga suposta propina da Odebrecht por dinheiro do BNDES
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (15) a 8ª fase da Operação Acrônimo com o objetivo de apurar se houve pagamento de propina pela Odebrecht em contrapartida a um financiamento de US$ 3 bilhões do BNDES.
O dinheiro teria sido usado em obras do porto Mariel, em Cuba, e em outros projetos internacionais na República Dominicana, Panamá, Angola, Gana e México.
Foram expedidos 20 mandados em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal.
A operação desta quinta teve como foco os contratos firmados entre a Odebrecht e a empresa DM Desenvolvimento de Negócios Internacionais LTDA, de Álvaro Luiz Vereda, ex-assessor do Ministério da Fazenda que também atuou junto ao BNDES.
Segundo as investigações, a DM seria uma empresa de fachada, com apenas dois funcionários, que movimentou R$ 7,6 milhões apenas em contratos de prestação de serviços para a empreiteira.
A negociação milionária foi feita um mês de sua abertura, em 2010.
A suspeita é que esse valor tenha sido propina paga para facilitar a liberação de US$ 3 bilhões para a Odebrecht junto ao BNDES.
Os contratos foram assinados por Vereda e João Carlos Mariz Nogueira, diretor da área internacional da Odebrecht. O executivo é apontado como responsável na empresa por conseguir financiamentos do banco estatal. Ambos foram alvos de conduções coercitivas.
Nogueira já apareceu na Acrônimo anteriormente. Segundo a investigação, o executivo articulava, juntamente com Benedito Oliveira, o Bené –apontado como operador do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) propina para o petista em troca de benefícios recebidos do BNDES na época em que ele foi ministro do Desenvolvimento (2011-2014).
A PF chegou ao caso depois de analisar o material apreendido em buscas anteriores na Odebrecht e também devido a informações da delação premiada de Bené.
Vereda atuou em funções importantes no BNDES e na Secretaria de Assuntos Internacionais, órgão responsável por autorizar a liberação de crédito do banco estatal.
Antes de integrar o quadro societário da DM, em 2010, ele trabalhou como assessor do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
A operação também investigou se houve cooptação e pagamento de vantagens indevidas para fraudar licitações no Ministério da Saúde, beneficiando gráfica da propriedade de um dos envolvidos no caso.
Essa é a primeira vez que a investigação apura a atuação de servidor que já foi da cúpula do BNDES em favor de uma empreiteira.
OUTRO LADO
A DM Desenvolvimento de Negócios nega que tenha participado de atividade ilegal ou criminosa.
A Odebrecht e Marcelo Odebrecht não se manifestaram.
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