Líder em contratos fez repasses a firmas ligadas a Cabral
Ricardo Moraes- 17.nov.2016/Reuters | ||
Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, na sede da PF |
Grupo com os maiores contratos de terceirização de mão de obra no Estado do Rio, a Facility repassou R$ 1,7 milhão a empresas acusadas de lavar a propina paga ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB).
Os repasses foram feitos para o escritório de advocacia de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, e para a LRG Consultoria, do economista Carlos Emanuel Miranda, apontado pelo Ministério Público Federal como operador da propina do peemedebista.
O grupo Facility recebeu R$ 2,8 bilhões do Estado no período em que Cabral era governador. Ele era o responsável por fornecer mão de obra terceirizada em diversos órgãos do governo, como faxineiros e seguranças.
O empresário Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, antigo dono do grupo, passou a ser conhecido como "rei Arthur" no meio político, em razão dos volumes recebidos por suas empresas.
Segundo dados da Receita Federal, a Facility repassou R$ 1,017 milhão para o escritório Ancelmo Advogados, por meio da empresa Tiger Vigilância e Segurança.
O pagamento começou em 2006, um ano antes de Cabral assumir o governo. Os valores durante a gestão do peemedebista, contudo, aumentaram significativamente. Em 2012, a empresa de Soares Filho transferiu R$ 390 mil à banca da ex-primeira-dama.
Já a empresa de Miranda recebeu R$ 660 mil entre 2007 e 2010, primeiro mandato de Cabral. O último repasse feito para o escritório, de R$ 151 mil, foi feito em 2013.
Em 2014, mesmo em que Cabral deixou o governo, Soares Filho decidiu negociar a empresa. O grupo foi vendido para o fundo de investimento Rise Internacional, e passou a se chamar Prol.
A Facility foi acusada em 2011 pelo Ministério Público do Rio por formar um cartel com outras empresas para fraudar licitações no Detran.
O empresário também foi condenado pela Justiça Federal por fraudar o sistema da Receita Federal para obter vantagens de compensação de créditos tributários no valor de R$ 3,5 milhões. Ela também aparece em relatório do Coaf como tendo movimentado de forma suspeita R$ 80,9 milhões desde 2007.
As empresas da ex-primeira-dama e Miranda estão no alvo do MPF em razão do faturamento na gestão Cabral.
O escritório teve "crescimento vertiginoso" na receita do período, segundo a Procuradoria. Já a empresa de Miranda praticamente interrompeu as atividades após o fim do mandato do peemedebista. Os dois são réus no processo da Operação Calicute e estão presos no Complexo Penitenciário de Bangu.
OUTRO LADO
Os advogados dos dois não responderam às ligações da reportagem. À PF, a advogada afirmou ter como comprovar os serviços prestados aos clientes que fizeram transferências para sua banca.
Miranda, por sua vez, afirma que a LRG prestava consultorias presenciais, sem produção de relatórios que possam comprovar o serviço.
O Grupo Prol, que comprou a Facility, não retornou às ligações da reportagem.
A PF informou nesta quarta-feira (7) que foram apreendidas 100 joias ou bijuterias na casa da ex-primeira-dama e elas passarão por perícia a fim de avaliar seu real valor.
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