Cotado para Justiça, Velloso tem encontro reservado com Temer
Pedro Ladeira - 6.ago.2015/Folhapress | ||
O ex-ministro do Supremo Carlos Velloso |
Diante da repercussão negativa a nomes indicados pelo PMDB, o presidente Michel Temer sondou e avalia nomear o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Velloso para o comando do Ministério da Justiça.
Velloso tem aval do PSDB, principal aliado da gestão peemedebista, e contempla o perfil "inquestionável" defendido por assessores do presidente. Para eles, o novo ministro não pode dar margem a críticas da opinião pública, principalmente no que diz respeito a possíveis interferências na Lava Jato.
Além disso, dizem assessores do Planalto, Velloso ajudaria a amarrar de vez os tucanos ao governo. O partido ganhou nos últimos dias a Secretaria de Governo e chancelou a indicação de Alexandre de Moraes para o STF.
Mesmo assim, Temer receia que o PSDB abandone neste ano a Esplanada dos Ministérios visando à eleição presidencial de 2018, o que poderia afetar a aprovação de reformas no Congresso.
Nesta terça-feira (14), Velloso teve um encontro reservado com Temer no Palácio do Planalto. A reunião foi costurada pelo presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, e outros tucanos, que almoçaram com Temer no sábado (11). Aécio, por sua vez, encontrou-se mais cedo com o presidente, cerca de uma hora e meia antes da chegada do ex-ministro da Suprema Corte ao Planalto.
Segundo a Folha apurou, no encontro, houve uma sondagem sobre a disposição de Velloso em assumir o cargo. O convite oficial, porém, ainda não foi feito.
A reunião teve como objetivo aproximar Temer e Velloso para uma eventual nomeação para a pasta, que ficou vaga com a indicação de Moraes para o Supremo.
Antes de Velloso, que indicou interesse em assumir o posto, Temer considerou os ex-ministros do STF Ellen Gracie, Nelson Jobim e Carlos Ayres Britto, mas nenhum deles acenou positivamente.
O nome de Velloso ganhou força após a revelação de que o deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), indicado pela bancada do PMDB na Câmara para a Justiça, já criticou o poder de investigação do Ministério Público.
A avaliação do grupo do presidente é que Pacheco não cumpre os requisitos para o cargo e que o fato de Velloso ser mineiro pesa a favor dele, porque poderia servir de argumento para contemplar a bancada do PMDB de Minas, que reivindica espaço na Esplanada dos Ministérios.
Para evitar novo desgaste, Temer definiu que não indicará alguém que tenha feito qualquer crítica às investigação ou à atuação do Ministério Público. Em conversas reservadas, afirmou ainda que "não pode errar" na escolha e deve pedir um pente-fino sobre o histórico dos cotados para evitar surpresas.
Temer também considera para a Justiça os nomes do professor da USP Paulo Henrique Lucon e do ex-ministro da STF Cezar Peluso.
A indicação será feita somente após a aprovação de Moraes para o STF pelo Senado. O governo articulou nesta terça (14) a antecipação da sabatina dele na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa, mas a sessão acabou marcada para o dia 21.
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