Agência Lupa: Ciro e Bolsonaro usaram informações equivocadas
Diego Padgurschi - Marcus Leoni/Folhapress | ||
Os presidenciáveis Ciro Gomes e Jair Bolsonaro |
A um ano do início da campanha para as eleições presidenciais de 2018, Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSC) usaram informações equivocadas em entrevistas.
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"Minha briga nunca foi contra o homossexual" - Jair Bolsonaro, em discurso feito durante evento do PEN no RJ
CONTRADITÓRIO - Em maio de 2002, Bolsonaro deu entrevista à Folha e disse: "se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater". Em 2010, no programa "Participação Popular", da TV Câmara, o deputado declarou: quando "o filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, muda o comportamento dele". Em 2011, criticou o PSOL e afirmou: "Ninguém gosta de homossexual. A gente suporta." Procurado, Bolsonaro disse que não iria "tomar posição sobre esse assunto".
"Recebi sim [R$ 200 mil], mas está lá no TRE que a origem daquele dinheiro é o Fundo Partidário" - Jair Bolsonaro, em discurso feito durante evento do PEN no RJ
VERDADEIRO, MAS - Bolsonaro usou o evento para se defender de acusações feitas por Ciro Gomes no dia anterior, em entrevista à "Jovem Pan". Ciro disse que a JBS tinha depositado dinheiro na conta da campanha do deputado. Mas os dados do TSE não mostram isso. Bolsonaro declarou nas duas prestações de contas parciais ao TSE ter recebido R$ 200 mil em 24 de julho de 2014. No registro, ficou demonstrado que o valor foi enviado pela direção nacional de seu então partido, o PP, e a origem é o Fundo Partidário. No entanto, na prestação final surgiu um cheque de R$ 200 mil enviado igualmente pela direção nacional do PP e que tinha como fonte do recurso a JBS. Esse cheque aparece no sistema como devolvido ao partido em 23 de julho, antes de ter sido registrado como recebido.
"[Dinheiro da JBS] Não está na prestação de contas dele [Flávio Bolsonaro]" - Jair Bolsonaro, em discurso feito durante evento do PEN no RJ
VERDADEIRO, MAS - No sistema do TSE, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC-RJ), filho de Jair, registrou como total de receitas R$ 215.724. Desse montante, R$ 100 mil vieram da direção nacional do PP. Esse primeiro repasse tem como fonte o Fundo Partidário. Foram registrados outros R$ 100 mil que vieram do partido, mas sem identificação da fonte original. No sistema consta apenas "outros recursos". O valor também foi devolvido por Flávio ao PP e, na declaração de despesas, constava como sendo originalmente da JBS.
"Nunca respondi a um inquérito" - Ciro Gomes em entrevista ao El País
FALSO - Ciro é alvo de uma ação por improbidade administrativa, movida pelo Ministério Público Federal em 2015, referente ao período em que foi secretário de Saúde do Ceará. Ele e quatro pessoas são apontados como responsáveis por irregularidades no Samu. Segundo o MPF, a Cooperativa de Trabalho de Atendimento Pré-Hospitalar foi contratada sem ter médicos habilitados para o serviço. As investigações mostraram que a dispensa de licitação foi irregular. Além disso, neste ano, o MPF ajuizou uma nova ação que envolve Ciro –referente ao período em que ele foi ministro da Integração Nacional, no governo Lula. O MPF aponta irregularidades em um convênio entre a Odebrecht, União e governo alagoano para obras contra a seca. Em aditivos ao contrato –alguns assinados por Ciro–, teria havido prejuízo de R$ 450 milhões. Procurado, Ciro informou, por nota, que só quem faz inquérito é a polícia e reafirmou o que disse. Mas o site do MPF explica que procuradores também abrem esse tipo de procedimento.
"Sou a favor da Lava Jato, nunca deixei ninguém duvidar disso" - Ciro Gomes à Rádio Jovem Pan
CONTRADITÓRIO - O pré-candidato já fez duras críticas à operação. Em março, afirmou que "receberia à bala" a "turma do juiz Sérgio Moro", caso fosse expedido contra ele um mandado de prisão. Procurado, o presidenciável disse, por nota, que não há contradição: "Ciro Gomes sempre disse que a Lava Jato pode ser muito importante para o Brasil se não cometer erros como os praticados, por exemplo, pela Operação Satiagraha".
"Fui governador, ministro da Fazenda e prefeito de capital. Já administrei e saí pela porta da frente como o mais popular do Brasil" - Ciro Gomes em entrevista à Jovem Pan
VERDADEIRO - Em setembro de 1994, o Datafolha mostrou que ele tinha o mais alto índice de aprovação entre 12 governadores. À época, 74% dos cearenses consideravam seu governo ótimo ou bom, e 5% o avaliaram negativamente. Naquele mês, Ciro deixou o cargo para assumir o Ministério da Fazenda, no governo do ex-presidente Itamar Franco.
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